DA REPORTAGEM LOCAL

A National Network to End the War Against Iraq (rede nacional para pôr fim à guerra contra o Iraque) é um dos quatro maiores conglomerados de entidades pacifistas dos EUA.
Seu diretor de mobilização, Michael Smolek, disse que, entre os motivos de adesão à causa, há a compaixão pelas baixas que uma guerra provocaria e a insegurança por novos atentados que ela poderia desencadear. Eis os principais trechos da entrevista. (JBN)

Folha - A maioria de americanos hoje favorável à guerra pode se tornar minoritária?
Michael Smolek - Essa maioria não existe. A última pesquisa, do Pew Research, mostrou que 55% estariam a favor da guerra se ela obtivesse o aval da ONU, o que dificilmente ocorrerá. Não creio que Bush tenha ao seu lado uma maioria. Pesquisas dependem da pergunta que se faz ao pesquisado. Se perguntarmos sobre derrubar Saddam Hussein, 90% estariam a favor. Mas se perguntarmos se vale a pena receber caixões de 20 mil soldados americanos sacrificados no Iraque, essa porcentagem declinaria de forma brutal.

Folha - A quem, segundo vocês, interessa essa guerra?
Smolek - Ela interessa a uma pequena parcela da elite e de empresários envolvidos com o setor bélico. Exemplo: o Comitê pela Libertação do Iraque, um dos grupos mais empenhados na deflagração da guerra, é presidido por Bruce Jackson, que foi até 2002 vice-presidente da Lockheed Martin, a maior fabricante mundial de armas. Dá para levar a sério?

Folha - Bush disse recentemente que não consideraria protestos de rua. Ele pode mudar de idéia?
Smolek - Embora se comporte com uma arrogância sem precedentes, o presidente Bush está em verdade numa situação bastante frágil. A invasão do Iraque é tão indigna pela quantidade de mortes inocentes que ela já despertou um movimento mundial de massa em repúdio. Se a guerra não sair, será uma vitória para os pacifistas. Se sair, os riscos políticos serão elevadíssimos. Bush poderá perder nas duas hipóteses.



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