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São Paulo, domingo, 16 de março de 2003

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Panamá serve de base para calcular baixas

DA REDAÇÃO

Caso os EUA sejam forçados a combater nas cidades iraquianas, Michael O'Hanlon, do Instituto Brookings, sugere que a melhor analogia seria a invasão americana do Panamá, em 1989, cuja meta foi prender o general Manuel Antonio Noriega, acusado de elo com o narcotráfico.
Cerca de 22,5 mil militares dos EUA participaram, além de boa parte dos 10 mil soldados americanos na época baseados no Panamá. A invasão começou com bombardeios aéreos e operações simultâneas contra 27 objetivos. Visou surpreender Noriega, controlar as comunicações e impedir uma reação das forças panamenhas, de cerca de 4.400 integrantes e milhares de paramilitares.
Os combates mais intensos duraram um par de dias e, em uma semana, os EUA tinham total controle. Noriega refugiou-se na Embaixada do Vaticano, mas rendeu-se em 3 de janeiro. Morreram 23 militares americanos, 125 panamenhos e entre 200 e 600 civis.
Mas O'Hanlon alerta: "Os desafios no Iraque são muito superiores. Há uma força quase cem vezes maior, um território cinco vezes mais extenso. O país é dez vezes mais populoso, a distância dos EUA é cinco vezes maior. E Saddam não será surpreendido".
Numa hipótese mais otimista e tomando como base a analogia do Panamá, O'Hanlon calcula que, se os combates urbanos durarem três dias, os EUA terão cerca de 2.000 baixas (400 mortos) e o Iraque em torno de 12 mil (3.000 mortos). O cálculo acima considera que as forças americanas e aliadas totalizarão 250 mil, contra cerca de 100 mil soldados iraquianos (forças de elite e parte dos efetivos regulares fiel a Saddam). O resto do Exército iraquiano se desintegraria ou desertaria.
Numa perspectiva mais pessimista, em que metade do Exército iraquiano regular lute para valer, os cerca de 250 mil americanos e aliados enfrentarão 250 mil soldados iraquianos. Se a fase intensa da guerra durar dez dias, as forças invasoras terão 15 mil baixas (3.000 mortos) contra 40 mil (10 mil mortos) do lado iraquiano.
O pesquisador lembra outro episódio em que forças americanas se envolveram num combate urbano: a morte de 18 soldados americanos em Mogadício, capital da Somália, durante missão de paz da ONU em 1993.
O'Hanlon não acredita que os EUA corram o risco de perder uma guerra no Iraque, mas o episódio acima, que levou os americanos a desistirem da missão na Somália, é um exemplo de como uma operação em ambiente urbano hostil pode ter resultados catastróficos. (OD)


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