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Israelense propõe que Brasil medeie paz com Síria
DO ENVIADO A JERUSALÉM
O presidente israelense, Shimon Peres, sugeriu ontem a seu
colega Luiz Inácio Lula da Silva
que convide o presidente da Síria, Bashar al Assad, a visitar o
Brasil, juntamente com o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, no que seria a porta de
entrada do Brasil para as negociações de paz no Oriente Médio, hoje estancadas.
Assad já está convidado e a
data tentativa para a viagem é
julho. Netanyahu foi convidado
ontem por Lula e também acenou com a hipótese de ir em
2010, mas a situação em Israel
é tão volátil que uma eventual
confirmação pode demorar.
Ainda mais agora que há uma
crise nas relações com os EUA
que levou a uma "situação crítica", conforme avaliação de Peres para a delegação brasileira.
Israel e Síria vinham mantendo negociações indiretas
usando a Turquia como canal,
até que a invasão da faixa de
Gaza pelos israelenses, há pouco mais de um ano, pôs fim à intermediação. O Brasil está dialogando intensamente com a
Turquia em torno do problema
iraniano, o que tornaria em tese mais fácil passar a ser um canal alternativo ou complementar a outros esforços.
O que é mais complicado é
entrar na negociação entre Israel e palestinos, por uma razão
bastante objetiva: "Enquanto
as partes não tiverem confiança
uma na outra, é muito difícil
haver negociação", diz o vice-chanceler Dan Ayalon. Fica impraticável, portanto, o Brasil
entrar no que não existe.
Lula, em sua fala à Knesset,
lamentou a paralisação das negociações e criticou "iniciativas
unilaterais que as dificultam,
como o anúncio da construção
de residências em Jerusalém,
às vésperas do reinício de uma
rodada de negociações".
O que, sim, existe é um ativo
brasileiro, exaltado coincidentemente pelos presidentes de
Israel e da Autoridade Nacional
Palestina, Mahmoud Abbas: a
boa convivência entre as comunidades árabe e judia no Brasil.
Aliás, o encontro empresarial
Brasil/Israel, que Lula encerrou ontem, acabou sendo involuntariamente uma demonstração dessa convivência: fechava a fila de autoridades no
salão do hotel em que se deu o
seminário, a dupla Paulo Skaf,
presidente da Federação das
Indústrias do Estado de São
Paulo, de origem árabe, e Daniel Feffer, da Suzano, judeu.
Os dois, aliás, nem notaram a
coincidência, quando a Folha
apontou-a, o que demonstra
como é natural representantes
das comunidades conviverem
sem nenhuma estranheza.
Lula aproveitou o seminário
para fazer um sermão pela paz.
"O vírus da paz está comigo
acho que desde que estava no
útero de minha mãe", disparou.
(CR)
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