São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2011

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Exportações ao Brasil movem Obama

Objetivo é recuperação da economia americana, mas poderá gerar atrito com Brasil, que quer reduzir deficit

No fim de semana, visita do presidente dos EUA tem como eixo venda de produtos ao mercado brasileiro

Luciana Whitaker/Folhapress
Policiais vistoriam locais para monitorar visita de Obama à favela Cidade de Deus, durante sua estadia no Rio de Janeiro

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

O aumento das exportações americanas para o Brasil é peça essencial para a recuperação da economia dos EUA e maior objetivo da viagem do presidente Obama ao país, disse a Casa Branca.
"Essa viagem é fundamentalmente a respeito da recuperação econômica e exportações americanas", disse o vice-conselheiro de segurança nacional Mike Froman, responsável por assuntos econômicos internacionais.
"As exportações para o Brasil geram 250 mil empregos nos EUA; metade da população do Brasil é hoje considerada classe média e isso cria grande oportunidade."
No entanto, a meta de aumentar ainda mais as vendas de produtos americanos para o Brasil pode gerar atritos com o governo brasileiro.
A interlocutores, a presidente Dilma Rousseff já manifestou preocupação com o deficit comercial que o Brasil mantém com os EUA -de US$ 7,731 bilhões em 2010, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento.
Trata-se do maior deficit comercial que o Brasil tem com um país. Em 2006, o Brasil tinha um superavit de US$ 9,87 bilhões com os EUA.
Questionado pela Folha sobre possíveis atritos, Froman minimizou o problema. "Superavits e deficits sobem e descem o tempo todo."
"Nós não vemos o deficit ou superavit comercial como um problema, e sim um potencial para aprofundar nossos laços econômicos."
Segundo os números da Casa Branca, que divergem dos brasileiros, as exportações para o Brasil dobraram em cinco anos. Os EUA dizem ter US$ 80 bilhões em comércio bilateral -embora os dados brasileiros indiquem que o intercâmbio no ano passado foi de US$ 46,3 bilhões.

CHINA
Outro assunto que será tratado durante a viagem de Obama, que chega no sábado em Brasília e vai para o Rio no domingo, é a desvalorização da moeda chinesa.
Os EUA querem o apoio do Brasil para pressionar Pequim a valorizar o yuan, que agrava o deficit americano.
"Como a presidente Dilma indicou, políticas cambiais de outros países e a apreciação do real são uma preocupação. A agenda de reequilíbrio econômico do G20 será parte da agenda de discussões", disse a Casa Branca.
Obama virá acompanhado dos secretários do Tesouro, Tim Geithner, de Energia, Steve Chu, de Comércio, Gary Locke, do representante de Comércio, Ron Kirk, e da chefe da agência de proteção ambiental, Lisa Jackson.
Em relação à tarifa sobre o etanol brasileiro, Froman disse: "Não podemos esperar um anúncio sobre tarifas de etanol durante essa viagem, isso é uma apenas parte de nosso diálogo sobre cooperação em biocombustíveis".
De Washington, o Conselho de Negócios Brasil-EUA enviou aviso do setor privado a Obama: vai ser preciso dar algo de especial ao Brasil.
"Não sei se haverá algum acordo, mas Obama tem que exercer liderança para eliminar os subsídios no Congresso", disse Gabriel Rico, presidente da Câmara Americana de Comércio para o Brasil.


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