São Paulo, domingo, 16 de abril de 2000


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Tentativa de fraude foi ignorada em 95

do enviado especial

Ao contrário do que acontece agora, nas eleições peruanas de 95, a comunidade internacional e a OEA (Organização dos Estados Americanos) ignoraram supostas tentativas de fraude de integrantes da coligação partidária do presidente Alberto Fujimori.
Há cinco anos, Fujimori disputava a reeleição como favorito. Porém pesquisas de intenção de voto indicavam que a coligação pelo qual concorria (Cambio 90/ Nova Maioria) teria somente 25% das cadeiras do Congresso.
Um dia antes da votação, um partidário do Cambio 90 foi detido pela polícia em Huánaco, a 800 km de Lima, com cerca de 3.000 atas eleitorais, sendo que 305 já estavam preenchidas.
As atas (documentos onde são registrados os votos totais de uma seção eleitoral) poderiam alterar o resultado de até 100 mil votos, ou 0,83% do eleitorado nacional.
O principal adversário de Fujimori, ex-secretário-geral da ONU Javier Pérez de Cuellar, denunciou a tentativa de fraude após integrantes da missão observadora da OEA vazarem a notícia para a imprensa local e estrangeira.
Os candidatos de oposição chegaram a articular uma renúncia coletiva,mas acabaram recuando.
Na época, Alejandro Toledo -candidato a presidente do Code/País Possível- deu uma declaração à Folha sobre o recuo da oposição: "Vamos às eleições, mas a fraude está a caminho".
O presidente da OEA, o colombiano Cesar Gaviria, ainda em exercício, minimizou a tentativa de fraude, dizendo que tratava-se de um ato isolado. Fujimori e o Cambio 90 também negaram estar por trás da tentativa de fraude.
Após a contagem oficial dos votos, Fujimori se reelegeu para um novo período de cinco anos, como era esperado.
A surpresa ficou por conta do Cambio 90/Nova Maioria, que obteve, no Congresso, o dobro das cadeiras previstas por pesquisas de boca-de-urna.
Assim, ao contrário do que era previsto, Fujimori saiu da eleição de 95 com maioria no Congresso. Na época, diferentemente do que acontece neste ano, o governo norte-americano, a comunidade européia e a OEA avalizaram o resultado oficial da votação.
(LF)



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