São Paulo, quarta-feira, 16 de maio de 2007

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Sarkozy toma posse hoje como presidente francês

Direitista se torna o chefe de Estado ao receber códigos de mísseis nucleares

Em discurso curto, Chirac se despede citando "orgulho do dever cumprido"; direita se queixa por nomeação de socialista como chanceler

DA REDAÇÃO

Nicolas Sarkozy, 52, torna-se hoje, na França, o sexto presidente da Quinta República ao receber a portas fechadas de seu predecessor, Jacques Chirac, 74, uma maleta com os códigos de disparo dos mísseis nucleares. A cerimônia não é pública. Ao contrário do Brasil, não haverá passagem da faixa presidencial ou assinatura do termo de posse.
O novo presidente chegará no final da manhã ao palácio presidencial do Elysée, pela primeira vez escoltado por motociclistas das Forças Armadas. Depois de ter acesso aos códigos, entrará no salão nobre, onde seus convidados o aguardarão para uma recepção.
O chefe do cerimonial baterá três vezes no chão com um bastão e anunciará: "o sr. presidente da República". A partir daquele momento Sarkozy já será o novo chefe de Estado.
A França tem um número estimado de 348 ogivas nucleares, distribuídas por quatro submarinos e caças Mirage 2000N e Super-Étendard. Não se conhecem outros detalhes.
É o próprio presidente quem ativa o dispositivo, em caso de necessidade, a partir de uma sala localizada no subsolo do palácio. É preciso que, depois de digitar o código, dois botões sejam simultaneamente acionados. Esses botões estão distantes um do outro para que o presidente não possa fazê-lo com as duas mãos e os braços esticados. Ele precisa do auxílio de um ajudante-de-ordens, numa precaução para evitar disparos em caso de loucura.

Gabinete e controvérsias
Sarkozy deverá anunciar nas próximas horas a nomeação de François Fillon como premiê.
Alguns integrantes do círculo próximo de Sarkozy criticaram a mais que provável escolha de Bernard Kouchner, socialista e fundador da entidade Médicos Sem Fronteiras, para o Ministério das Relações Exteriores.
Brice Hortefeux, assessor do presidente eleito, afirmou que "não é o momento de premiar com cargos, mas de montar um governo de talentos".
Kouchner, no governo, indiretamente atrapalhará o Partido Socialista em sua campanha às eleições legislativas de junho. Será difícil qualificar Sarkozy de "chefe da direita" no momento em que homens de esquerda aceitam integrar o gabinete de 15 cadeiras, que será anunciado depois de amanhã.
O secretário-geral do PS, François Hollande, disse que Kouchner desertaria de suas raízes caso participasse "de um governo de direita".

Mensagem de despedida
Jacques Chirac fez à noite um pronunciamento por rede de rádio e TV, pondo um ponto final nos 12 anos de Presidência. Foi uma mensagem curta, com 511 palavras.
Disse que transmitiria o cargo "com o orgulho do dever cumprido" e "uma grande confiança no futuro de nosso país". Relatou o bom conceito que tem da França e de seu povo, que souberam se adaptar às recentes mudanças globais, sem perder a identidade ou a fé nos valores republicanos.

Ameaças terroristas
Um grupo que se diz vinculado à Al Qaeda divulgou ontem em Dubai comunicado em que promete cometer atentados na França, para puni-la pela eleição "do sionista" Sarkozy -embora batizado como católico, ele é filho de judeus húngaros.
A mensagem foi colocada num site extremista, mas especialistas, diz a Associated Press, acreditam que tudo pode não passar de mais um blefe.


Com agências internacionais


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