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Sarkozy toma posse hoje como presidente francês
Direitista se torna o chefe de Estado ao receber códigos de mísseis nucleares
Em discurso curto, Chirac se despede citando "orgulho do dever cumprido"; direita se queixa por nomeação de socialista como chanceler
DA REDAÇÃO
Nicolas Sarkozy, 52, torna-se
hoje, na França, o sexto presidente da Quinta República ao
receber a portas fechadas de
seu predecessor, Jacques Chirac, 74, uma maleta com os códigos de disparo dos mísseis
nucleares. A cerimônia não é
pública. Ao contrário do Brasil,
não haverá passagem da faixa
presidencial ou assinatura do
termo de posse.
O novo presidente chegará
no final da manhã ao palácio
presidencial do Elysée, pela
primeira vez escoltado por motociclistas das Forças Armadas.
Depois de ter acesso aos códigos, entrará no salão nobre, onde seus convidados o aguardarão para uma recepção.
O chefe do cerimonial baterá
três vezes no chão com um bastão e anunciará: "o sr. presidente da República". A partir daquele momento Sarkozy já será
o novo chefe de Estado.
A França tem um número estimado de 348 ogivas nucleares, distribuídas por quatro
submarinos e caças Mirage
2000N e Super-Étendard. Não
se conhecem outros detalhes.
É o próprio presidente quem
ativa o dispositivo, em caso de
necessidade, a partir de uma sala localizada no subsolo do palácio. É preciso que, depois de
digitar o código, dois botões sejam simultaneamente acionados. Esses botões estão distantes um do outro para que o presidente não possa fazê-lo com
as duas mãos e os braços esticados. Ele precisa do auxílio de
um ajudante-de-ordens, numa
precaução para evitar disparos
em caso de loucura.
Gabinete e controvérsias
Sarkozy deverá anunciar nas
próximas horas a nomeação de
François Fillon como premiê.
Alguns integrantes do círculo
próximo de Sarkozy criticaram
a mais que provável escolha de
Bernard Kouchner, socialista e
fundador da entidade Médicos
Sem Fronteiras, para o Ministério das Relações Exteriores.
Brice Hortefeux, assessor do
presidente eleito, afirmou que
"não é o momento de premiar
com cargos, mas de montar um
governo de talentos".
Kouchner, no governo, indiretamente atrapalhará o Partido Socialista em sua campanha
às eleições legislativas de junho. Será difícil qualificar Sarkozy de "chefe da direita" no
momento em que homens de
esquerda aceitam integrar o gabinete de 15 cadeiras, que será
anunciado depois de amanhã.
O secretário-geral do PS,
François Hollande, disse que
Kouchner desertaria de suas
raízes caso participasse "de um
governo de direita".
Mensagem de despedida
Jacques Chirac fez à noite
um pronunciamento por rede
de rádio e TV, pondo um ponto
final nos 12 anos de Presidência. Foi uma mensagem curta,
com 511 palavras.
Disse que transmitiria o cargo "com o orgulho do dever
cumprido" e "uma grande confiança no futuro de nosso país".
Relatou o bom conceito que
tem da França e de seu povo,
que souberam se adaptar às recentes mudanças globais, sem
perder a identidade ou a fé nos
valores republicanos.
Ameaças terroristas
Um grupo que se diz vinculado à Al Qaeda divulgou ontem
em Dubai comunicado em que
promete cometer atentados na
França, para puni-la pela eleição "do sionista" Sarkozy -embora batizado como católico,
ele é filho de judeus húngaros.
A mensagem foi colocada
num site extremista, mas especialistas, diz a Associated Press,
acreditam que tudo pode não
passar de mais um blefe.
Com agências internacionais
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