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Hamas propõe trégua por temor de escalada de Israel
Jornal diz que premiê Haniyeh seria alvo se não cessassem mísseis palestinos
Porta-voz do grupo islâmico
condiciona trégua ao fim
das incursões israelenses
para retaliar; Israel concorda
e também mata 3 terroristas
Kevin Frayer/Associated Press
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O presidente palestino, Mahmoud Abbas (dir.), que negocia um acordo com o rival Hamas, recebe o título de doutor honoris causa na Universidade An Najah, em Nablus, na Cisjordânia |
DA REDAÇÃO
O Hamas ofereceu ontem a
Israel uma trégua que se traduziria na interrupção no lançamento de foguetes Qassam
contra alvos israelenses, mas
exigiu como contrapartida que
Israel cesse as operações contra lideranças do grupo islâmico em Gaza e na Cisjordânia.
Essa predisposição representa um recuo na intenção anunciada na última sexta-feira pelo
braço armado do grupo de voltar a atacar alvos civis israelenses, em represália pela morte
de seis civis palestinos numa
praia de Gaza. Israel nega envolvimento no incidente.
Ghazi Hamad, porta-voz do
governo palestino controlado
pelo Hamas, afirmou "estar claro para nós que estamos interessados em manter a situação
calma, sobretudo em Gaza".
Disse que o governo tem
mantido contatos com outras
facções palestinas e que a trégua será restabelecida "caso os
israelenses demonstrem enfaticamente que aceitam cessar
sua agressão".
A proposta foi apoiada pela
liderança do Hamas exilada na
Síria. Moussa Abu Marzouk,
afirmou à Associated Press que
"se Israel parar de atirar em civis, então o Hamas dará um
passo positivo".
A única reação israelense até
agora partiu de Mark Regev,
porta-voz do Ministério das
Relações Exteriores. "Se eles
sossegarem, responderemos
sossegando também", disse.
Esse conjunto de declarações
fechou um dia bastante confuso nas relações entre Israel e o
governo palestino, controlado
pelo grupo islâmico.
Já à noite Israel matou três
palestinos que enterravam
bombas na cerca que separa
seu território de Gaza.
O jornal israelense "Haaretz"
disse que o Jihad Islâmico, grupo terrorista palestino, lançou
ontem dois mísseis Qassam e
feriu três civis israelenses na cidade de Sderot.
O Jihad estava aparentemente autorizado pelo Hamas a efetuar esses dois disparos. O próprio Hamas divulgou pela manhã um comunicado, no qual
negava informações da mídia
israelense de que cessaria essa
forma de agressão.
O grupo islâmico, apesar de
controlar o Parlamento e o gabinete palestinos, anunciou no
texto que havia lançado dois
Qassam na quarta-feira. A informação foi desmentida pelo
Exército israelense.
O "Haaretz" disse que o premiê palestino pertencente ao
Hamas, Ismail Haniyeh, reuniu-se na segunda-feira com os
chefes do braço armado do grupo e com eles discutiu a informação passada pelos israelenses ao presidente palestino,
Mahmoud Abbas. Segundo esse relato, Israel alvejaria o próprio Haniyeh caso os Qassam
continuassem a ser lançados.
Anteontem, o ministro israelense da Defesa, Amir Peretz,
confirmou ter enviado aos palestinos o recado de que, se os
ataques prosseguissem, uma
"ação decisiva" seria tomada.
Dinheiro em espécie
O ministro palestino da Informação, Youssef Rizka, entrou ontem em Gaza com uma
mala carregada com US$ 2 milhões em espécie. Na véspera,
outro ministro, Mahmoud Zahar, das Relações Exteriores, já
havia transposto a fronteira
operada por funcionários da
União Européia com US$ 20
milhões em sua bagagem.
Ambos declararam a quantia
transportada, uma exigência
legal, e a entregaram ao Ministério das Finanças palestino.
Informantes do Hamas dizem que essa é uma maneira de
contornar a suspensão da
transferência de fundos para o
governo palestino e que o dinheiro é para pagar os cerca de
160 mil servidores públicos.
Mas israelenses dizem que o
dinheiro contido nas duas malas pode se destinar às atividades políticas e militares do Hamas, que está se preparando
para o plebiscito convocado pelo presidente Mahmoud Abbas,
e no qual os palestinos poderão
-contrariamente à posição do
grupo islâmico- reconhecer os
direitos de Israel à existência.
Com agências internacionais
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