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São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 2003

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NOVA YORK

Arquiteto responsável pelo plano e empresário que arrendou local dois meses antes do 11 de Setembro entram em choque

Disputa ameaça o projeto do novo WTC

ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

O duelo entre o arquiteto responsável pelo projeto vencedor da disputa para a construção do novo World Trade Center e o empresário que arrendou o terreno ameaça atrapalhar a reconstrução das torres.
Ironia do destino, o duelo chegou a tal ponto que um advogado que inspirou Tom Wolfe no livro "A Fogueira das Vaidades" foi contratado pelo arquiteto alemão Daniel Libeskind para ajudá-lo no confronto real.
Seu "adversário" é Larry Silverstein, que assumira o controle dos prédios dois meses antes dos atentados de 11 de setembro de 2001. Ele quer alterar o projeto que ganhou, em fevereiro, a concorrência para a reconstrução das torres.
Seu objetivo é aumentar o espaço dedicado a escritórios. Segundo ele, o plano de Libeskind, da forma como está, não tem viabilidade comercial.
O arquiteto, por sua vez, diz que seu plano tem o apoio de um "mandato público" e que não pretende mudá-lo agora.
A partir daí, o duelo cai em uma espiral de complicações jurídicas e financeiras que limitam o poder de intervenção da Autoridade Portuária de Nova York e Nova Jersey. Tanto que sua iniciativa foi trazer os dois lados à mesa de negociações, tentando organizar uma série de reuniões que começaria ontem à noite.
Logo após os atentados, nos quais cerca de 3.000 pessoas morreram, esperava-se que Silverstein, que arrendou o lugar por 99 anos, seria logo tirado das discussões sobre a reconstrução, já que a situação mudara completamente com a destruição das torres.
Ele ganhou força, entretanto, por causa do seguro que recebeu pela queda das torres. O empresário já recebeu US$ 1,3 bilhão e poderá ganhar ainda de US$ 3,5 bilhões a US$ 7 bilhões.
Com o governo de Nova York em péssima situação fiscal, Silverstein emergiu como a única fonte de recursos com capacidade para iniciar o mais rápido possível a reconstrução, estimada em cerca de US$ 10 bilhões.
Só que ele não gostou do projeto vencedor e contratou um arquiteto cujo plano fora derrotado na concorrência.
Silverstein pressionou a Autoridade Portuária a solicitar que os dois principais prédios fossem mudados do lugar no qual Libeskind planejava construí-los. O empresário argumenta que isso valorizaria o espaço.
Uma alternativa que começa a ser discutida é ampliação do terreno para reconstrução. A Autoridade Portuária fala em agrupar o terreno onde hoje está -de pé, mas completamente destruído- um prédio do Deutsche Bank vizinho ao World Trade Center. O edifício, de qualquer maneira, deverá ser demolido em breve, pois está condenado.
Pelo projeto de Libeskind, escolhido em fevereiro por uma comissão montada por autoridades, seriam construídos cinco prédios no local. A principal torre teria 541 metros, ficando ainda mais alta que o antigo World Trade Center (411 metros).
Para reforçar a defesa de seu projeto, o arquiteto alemão contratou o advogado Edward Hayes, que inspirou o personagem Tommy Killian em "A Fogueira das Vaidades".
Embora um prazo formal para conclusão da obra não tenha sido estabelecido pelas autoridades, a idéia apresentada pelo governador nova-iorquino, George Pataki, é concluir a reconstrução até 2008.
Para acelerar a reconstrução e atrair ocupantes para os prédios, ele anunciou que seu governo -que fica em Albany, interior de Nova York- é o primeiro candidato a ter um escritório no local.


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