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NOVA YORK
Arquiteto responsável pelo plano e empresário que arrendou local dois meses antes do 11 de Setembro entram em choque
Disputa ameaça o projeto do novo WTC
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
O duelo entre o arquiteto responsável pelo projeto vencedor
da disputa para a construção do
novo World Trade Center e o empresário que arrendou o terreno
ameaça atrapalhar a reconstrução
das torres.
Ironia do destino, o duelo chegou a tal ponto que um advogado
que inspirou Tom Wolfe no livro
"A Fogueira das Vaidades" foi
contratado pelo arquiteto alemão
Daniel Libeskind para ajudá-lo no
confronto real.
Seu "adversário" é Larry Silverstein, que assumira o controle dos
prédios dois meses antes dos
atentados de 11 de setembro de
2001. Ele quer alterar o projeto
que ganhou, em fevereiro, a concorrência para a reconstrução das
torres.
Seu objetivo é aumentar o espaço dedicado a escritórios. Segundo ele, o plano de Libeskind, da
forma como está, não tem viabilidade comercial.
O arquiteto, por sua vez, diz que
seu plano tem o apoio de um
"mandato público" e que não pretende mudá-lo agora.
A partir daí, o duelo cai em uma
espiral de complicações jurídicas
e financeiras que limitam o poder
de intervenção da Autoridade
Portuária de Nova York e Nova
Jersey. Tanto que sua iniciativa foi
trazer os dois lados à mesa de negociações, tentando organizar
uma série de reuniões que começaria ontem à noite.
Logo após os atentados, nos
quais cerca de 3.000 pessoas morreram, esperava-se que Silverstein, que arrendou o lugar por 99
anos, seria logo tirado das discussões sobre a reconstrução, já que a
situação mudara completamente
com a destruição das torres.
Ele ganhou força, entretanto,
por causa do seguro que recebeu
pela queda das torres. O empresário já recebeu US$ 1,3 bilhão e poderá ganhar ainda de US$ 3,5 bilhões a US$ 7 bilhões.
Com o governo de Nova York
em péssima situação fiscal, Silverstein emergiu como a única
fonte de recursos com capacidade
para iniciar o mais rápido possível
a reconstrução, estimada em cerca de US$ 10 bilhões.
Só que ele não gostou do projeto
vencedor e contratou um arquiteto cujo plano fora derrotado na
concorrência.
Silverstein pressionou a Autoridade Portuária a solicitar que os
dois principais prédios fossem
mudados do lugar no qual Libeskind planejava construí-los. O
empresário argumenta que isso
valorizaria o espaço.
Uma alternativa que começa a
ser discutida é ampliação do terreno para reconstrução. A Autoridade Portuária fala em agrupar o
terreno onde hoje está -de pé,
mas completamente destruído-
um prédio do Deutsche Bank vizinho ao World Trade Center. O
edifício, de qualquer maneira, deverá ser demolido em breve, pois
está condenado.
Pelo projeto de Libeskind, escolhido em fevereiro por uma comissão montada por autoridades,
seriam construídos cinco prédios
no local. A principal torre teria
541 metros, ficando ainda mais alta que o antigo World Trade Center (411 metros).
Para reforçar a defesa de seu
projeto, o arquiteto alemão contratou o advogado Edward Hayes,
que inspirou o personagem
Tommy Killian em "A Fogueira
das Vaidades".
Embora um prazo formal para
conclusão da obra não tenha sido
estabelecido pelas autoridades, a
idéia apresentada pelo governador nova-iorquino, George Pataki, é concluir a reconstrução até
2008.
Para acelerar a reconstrução e
atrair ocupantes para os prédios,
ele anunciou que seu governo
-que fica em Albany, interior de
Nova York- é o primeiro candidato a ter um escritório no local.
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