São Paulo, sexta-feira, 16 de julho de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Atentado fere 40; premiê interino anuncia criação de agência de inteligência para "aniquilar" a insurgência

2º carro-bomba em 24 horas mata mais 10

DA REDAÇÃO

O premiê interino do Iraque, Iyad Allawi, anunciou ontem, dia em que dez pessoas foram mortas e cerca de 40 ficaram feridas na explosão de um carro-bomba, a criação de uma agência de inteligência para combater a insurgência. Foi o segundo atentado do gênero em 24 horas.
Entre as vítimas do ataque, que visou a principal delegacia de Hadithah (oeste), há duas crianças e quatro policiais. Anteontem, 11 pessoas morreram em um atentado semelhante em Bagdá.
"Estamos determinados a derrubar todos os obstáculos no caminho para a democracia", disse Allawi ao anunciar a Diretoria Geral de Segurança. "Se Deus quiser, o terrorismo será aniquilado."
Em Kirkuk (norte), uma mulher e seus três filhos morreram enquanto dormiam no telhado de sua casa, por causa do calor, quando um foguete os atingiu. Na região, um oleoduto foi atacado.
A insurgência que marcou os 15 meses de ocupação oficial do Iraque não arrefeceu com a transição administrativa no país. Os atentados em Bagdá e Hadithah mostram que, passadas duas semanas da posse do governo interino, no dia 28, os ataques recrudesceram, apesar da manutenção no país de 160 mil militares da Força Multinacional comandada pelos EUA.
Na semana passada, Allawi anunciou uma lei de segurança que lhe dá poderes para decretar estado de emergência. Mas ele ainda não a pôs em prática, afirmando que a "segurança está melhorando" apesar dos ataques.
O premiê interino, um ex-colaborador da CIA (serviço secreto dos EUA), não deu detalhes de como funcionará agência de inteligência, afirmando apenas que ficará submetida ao sistema judicial. Tampouco disse quem serão os funcionários do novo serviço secreto -muitos iraquianos temem que ele recorra a ex-agentes do temido serviço secreto do ex-ditador Saddam Hussein.

Reféns
Um corpo decapitado portando um macacão laranja, semelhante ao usado por suspeitos de terrorismo presos pelos EUA, foi achado no rio Tigre, em Bagdá. Não foi confirmado se ele pertence ao caminhoneiro búlgaro assassinado anteontem por seus seqüestradores. Outro búlgaro segue em poder do grupo, supostamente ligado ao terrorista jordaniano Abu Musab Zarqawi, acusado de vários atentados no país.
Um comunicado atribuído a Zarqawi e publicado em um site reivindicou o assassinato, anteontem, do governador de Mossul, terceira maior cidade do país.
Em entrevista a um jornal local, Allawi afirmou que a polícia iraquiana prendeu o motorista do jordaniano e que seguidores dele e de Saddam estão arrecadando, para suas operações, "milhões de dólares" em países vizinhos.
Um caminhoneiro egípcio também segue seqüestrado no Iraque. A empresa saudita que o emprega cedeu à demanda dos captores e anunciou que deixará o Iraque, mas o grupo exige provas da retirada em 48 horas para soltá-lo.
Em um vídeo divulgado pela rede de TV Al Jazira (de Qatar), o caminhoneiro filipino Angelo de la Cruz, 46, pede que sua família o espere: "Estou voltando para vocês". Sob críticas dos EUA, o governo filipino atendeu à exigência dos terroristas e anunciou a saída de sua tropa de 51 soldados do Iraque 35 dias antes do programado. A retirada já começou, mas os seqüestradores disseram, em comunicado, que só libertarão De la Cruz quando todos os soldados filipinos tiverem saído.


Com agências internacionais

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