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Hondurenhos pressionam Casa Branca por posição mais firme
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Aumentou a pressão de ambos os lados da crise política
hondurenha por uma posição
mais definida da Casa Branca
de Barack Obama, que até a
conclusão desta edição mantinha-se tíbia. Ontem, um grupo
de políticos hondurenhos pediu que Washington aplique
sanções econômicas ao regime
golpista de Roberto Micheletti.
Encabeçado pelo deputado
Marvin Ponce, da esquerdista
Unión Democrática, o ex-candidato à Presidência Juan Almendares, do mesmo partido, e
o advogado Jari Dixen, o grupo
fez denúncias de violação de direitos humanos ao se encontrar
com funcionários do Departamento de Estado e falar a membros do Congresso.
Dixen narrou que a polícia
local metralhou a porta e invadiu a casa de sua mãe -que teria apanhado- e prendeu seu
irmão depois de ter ido ao ar em
Honduras uma entrevista dada
por ele em que criticava o governo golpista.
A inação dos EUA levará a
"uma guerra civil", disse Ponce.
"A única forma de os golpistas
cederem será sob pressões econômicas." Os EUA poderiam
fazer isso invocando uma cláusula do Tratado de Livre Comércio com a América Central
(Cafta), do qual ambos os países fazem parte, argumentou,
ou retirando seu embaixador
de Tegucigalpa, como fizeram
outros países das Américas.
O governo Obama hesita em
ir além da condenação pública
e de acatar a suspensão de Honduras pela OEA (Organização
dos Estados Americanos), como vem fazendo até agora. Indagado ontem sobre a crise
hondurenha, o porta-voz da
Casa Branca, Robert Gibbs, disse que o governo "continua a
acreditar que [a crise em Honduras] pode e deve ser resolvida
por canais diplomáticos".
Na questão, o repórter citou
artigo da Constituição hondurenha que prevê que seja imediatamente removido do governo quem defender a reeleição ou mude a Constituição para fazer isso e que o político seja
proibido de exercer funções
executivas por dez anos, o que
Gibbs disse desconhecer.
À Folha Maurício Cárdenas,
especialista em América Latina
do Instituto Brookings, centro
de pensamento simpático ao
governo Obama, disse que a
Casa Branca não recuará da posição inicial, seguirá a lei e respeitará as visões dos países-membros da OEA. "Se essas visões são de que Zelaya deve retornar em breve, então serão as
que os EUA apoiarão."
Dito isso, segundo Cárdenas,
"eu não me surpreenderia se
essa situação se mantiver sem
solução nos próximos meses e
que a única solução seja realizar eleições, que estão marcadas para novembro".
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