São Paulo, quinta-feira, 16 de julho de 2009

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Hondurenhos pressionam Casa Branca por posição mais firme

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Aumentou a pressão de ambos os lados da crise política hondurenha por uma posição mais definida da Casa Branca de Barack Obama, que até a conclusão desta edição mantinha-se tíbia. Ontem, um grupo de políticos hondurenhos pediu que Washington aplique sanções econômicas ao regime golpista de Roberto Micheletti.
Encabeçado pelo deputado Marvin Ponce, da esquerdista Unión Democrática, o ex-candidato à Presidência Juan Almendares, do mesmo partido, e o advogado Jari Dixen, o grupo fez denúncias de violação de direitos humanos ao se encontrar com funcionários do Departamento de Estado e falar a membros do Congresso.
Dixen narrou que a polícia local metralhou a porta e invadiu a casa de sua mãe -que teria apanhado- e prendeu seu irmão depois de ter ido ao ar em Honduras uma entrevista dada por ele em que criticava o governo golpista.
A inação dos EUA levará a "uma guerra civil", disse Ponce. "A única forma de os golpistas cederem será sob pressões econômicas." Os EUA poderiam fazer isso invocando uma cláusula do Tratado de Livre Comércio com a América Central (Cafta), do qual ambos os países fazem parte, argumentou, ou retirando seu embaixador de Tegucigalpa, como fizeram outros países das Américas.
O governo Obama hesita em ir além da condenação pública e de acatar a suspensão de Honduras pela OEA (Organização dos Estados Americanos), como vem fazendo até agora. Indagado ontem sobre a crise hondurenha, o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse que o governo "continua a acreditar que [a crise em Honduras] pode e deve ser resolvida por canais diplomáticos".
Na questão, o repórter citou artigo da Constituição hondurenha que prevê que seja imediatamente removido do governo quem defender a reeleição ou mude a Constituição para fazer isso e que o político seja proibido de exercer funções executivas por dez anos, o que Gibbs disse desconhecer.
À Folha Maurício Cárdenas, especialista em América Latina do Instituto Brookings, centro de pensamento simpático ao governo Obama, disse que a Casa Branca não recuará da posição inicial, seguirá a lei e respeitará as visões dos países-membros da OEA. "Se essas visões são de que Zelaya deve retornar em breve, então serão as que os EUA apoiarão."
Dito isso, segundo Cárdenas, "eu não me surpreenderia se essa situação se mantiver sem solução nos próximos meses e que a única solução seja realizar eleições, que estão marcadas para novembro".


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