São Paulo, quinta-feira, 16 de julho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mina caseira é novo desafio dos EUA no Afeganistão

Embora menos letal que no Iraque, tática de insurgentes tem sido aprimorada

Número de atentados é o dobro do de 2007; com 46 americanos mortos por bombas até agora, este ano deve registrar o recorde


DO "NEW YORK TIMES", NO AFEGANISTÃO

Recentemente, uma picape que transportava policiais no Afeganistão foi atingida por uma bomba enterrada em uma estrada, e os cinco afegãos que estavam a bordo morreram.
Quando investigadores de bombas chegaram aos destroços, o significado sombrio do ataque ficou claro. Um dos mortos era um comandante intransigente que vinha ajudando a combater uma rede secreta de fabricantes de bombas. Essa é a guerra travada no Afeganistão hoje, uma guerra em que a morte não é medida tanto pela precisão das balas, mas pela astúcia das bombas.
E, embora os artefatos explosivos improvisados (AEIs) da insurgência afegã sejam menos poderosos ou complexos que os do Iraque, estão se tornando mais eficientes e sofisticados a cada semana que passa, afirmam oficiais americanos.
Neste ano, os ataques a bomba contra tropas da coalizão no Afeganistão chegaram ao ponto mais alto, com 465 ocorrências apenas em maio, mais que o dobro do mesmo mês de 2007. Ao menos 46 soldados americanos foram mortos por AEIs. Tudo indica que 2009 terá o recorde na guerra liderada por Washington, que dura oito anos.
As bombas improvisadas vêm sendo ainda mais letais para os policiais e soldados afegãos. Se o ritmo atual se mantiver, os ataques contra forças afegãs com AEIs poderão chegar a 6.000 no ano, sendo que em 2003 foram apenas 81. Só em julho, nove policiais afegãos foram mortos por duas ao sul de Cabul.
Com poucas estradas pavimentadas, o Afeganistão é ainda mais fértil para bombas caseiras que o Iraque, onde as vias pavimentadas frequentemente obrigavam os insurgentes a deixar as bombas a céu aberto. Mesmo quando as bombas caseiras não ferem ou matam soldados, sua ameaça restringe e complica a movimentação das forças da coalizão.
Comboios militares têm que esperar equipes de detecção de bombas que levam uma hora para avançar cinco quilômetros. Há poucos helicópteros, e a maioria dos soldados desloca-se em veículos resistentes a minas e emboscadas, mas desajeitados. Embora esses veículos blindados sejam eficazes em proteger soldados, dois artilheiros posicionados nas torres dos veículos morreram recentemente, quando um deles capotou ao ser atingido por um AEI.
O Pentágono também lançou uma campanha para atacar as redes de fabricantes de bombas, que operam em pequenas células espalhadas pelo país. As bombas frequentemente são feitas de fertilizantes e óleo diesel, mas algumas utilizam cartuchos de morteiros espalhados pelo campo.
Embora muitas ainda sejam rudimentares, oficiais americanos dizem que os insurgentes são astutos e possuem grande poder de adaptação. Em alguns casos, as bombas caseiras são usadas como iscas para atrair soldados para armadilhas.
A estratégia americana prevê o uso da polícia afegã para colher informações, prender suspeitos de fabricar bombas e projetar uma impressão de competência do governo. Até agora, reclamam oficiais americanos, muitas unidades da polícia afegã não têm se mostrado à altura do desafio.

Tradução de CLARA ALLAIN



Texto Anterior: Queda de avião com destino à Armênia mata 168 no Irã
Próximo Texto: Soldados que atacaram Gaza relatam abusos deliberados
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.