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GUERRA SEM LIMITES
Parentes de mortos querem indenização de acusados de financiar a Al Qaeda, incluindo o Sudão e sauditas
Famílias do 11 de setembro exigem US$ 1 tri
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Pelo menos 600 parentes de vítimas do ataque terrorista de 11 de
setembro passado entraram ontem na Justiça dos EUA com pedido de indenizações que somam
US$ 1 trilhão. Os acusados são
grupos que teriam ajudado financeiramente a organização terrorista Al Qaeda, do saudita Osama
bin Laden, e o Taleban, que governou o Afeganistão.
Na lista estão incluídos o governo do Sudão, integrantes da família real da Arábia Saudita, instituições financeiras, a construtora
que pertence à família de Bin Laden e diversas entidades islâmicas. Já o governo norte-americano é acusado de não perseguir essas instituições de maneira mais
eficaz devido a seus interesses na
indústria de extração petrolífera.
O objetivo é "invocar o império
da lei e o estado de direito para
que sejam responsabilizados
aqueles que incentivaram, financiaram, patrocinaram ou apoiaram materialmente os atos de
barbárie e terror de 11 de setembro de 2001", diz texto da ação judicial de 259 páginas, impetrada
no tribunal federal do Distrito de
Colúmbia, em Washington.
Os autores coletivos se autodenominam Famílias de 11 de Setembro Unidas para Arruinar o
Terrorismo, associação que reúne
parentes, bombeiros e trabalhadores de resgate de países como
África do Sul, Argentina, Canadá,
França e Paraguai, além é claro,
dos Estados Unidos.
Ao todo estão sendo processados sete bancos internacionais,
oito fundações e organizações de
caridade islâmicas e suas subsidiárias, supostos financiadores
individuais do terrorismo, o Grupo Bin Laden, três príncipes sauditas e o governo do Sudão.
Os príncipes são Turki al Faisal
al Saud, Sultan bin Abdul Aziz al
Saud e Mohammed al Faisal al
Saud. O Grupo Bin Laden é a empreiteira operada pelos irmãos do
terrorista saudita, que é acusado
de usar sua parte na fortuna da família para financiar suas atividades de terrorismo.
Dos 19 sequestradores dos quatro aviões usados como bombas
no dia 11 de setembro, 15 eram
sauditas. Desde então, o governo
da Arábia Saudita nega sistematicamente qualquer participação
no ataque e se define como "forte
aliado" dos Estados Unidos.
O mesmo de Lockerbie
A ação é comandada pelo advogado Allan Gerson, que ganhou
fama mundial por sua atuação no
processo movido pelas vítimas do
vôo da extinta Pan Am que caiu
sobre Lockerbie, na Escócia, em
1988, derrubado por uma bomba
que explodiu a bordo.
"Sabemos que temos pouca
chance de ganhar a indenização
pedida, mas queremos que o processo ajude a desvendar as complexas transações financeiras que
patrocinaram os atentados de 11
de setembro", disse ele.
Os parentes, no entanto, estão
confiantes na vitória tanto financeira quanto moral e acreditam
que, com o passar dos dias, outros
familiares se juntarão ao processo, até que todas as pouco mais de
3.000 vítimas do dia 11 de setembro estejam representadas na
ação coletiva de Washington.
"Eu continuarei com essa ação
até que a Justiça seja feita e o terrorismo seja contido", disse Matt
Sellitto, cujo filho Matthew, então
com 23 anos, morreu no World
Trade Center. "Se o mal está voltado contra nós, é nossa obrigação tentar derrotá-lo."
Já para Deena Burnett, cujo marido foi morto no vôo 93, que caiu
numa área rural da Pensilvânia, a
ação "só depende de nós e acredito que podemos vir a ser bem-sucedidos".
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