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Pentágono expande operações secretas na África e na Ásia
Governo Obama aprofundou prática de misturar ação militar com inteligência civil
DO "NEW YORK TIMES"
Inicialmente, a notícia do
Iêmen em 25 de maio pareceu
uma vitória modesta contra
terroristas: um ataque aéreo
atingiu grupos que trabalhavam para a Al Qaeda.
Mas o ataque também matou o governador interino de
uma Província, que dialogava com a Al Qaeda pelo fim
do conflito. O presidente do
Iêmen, Ali Abdullah Saleh,
assumiu a responsabilidade
e indenizou tribos ofendidas.
A ação, porém, foi uma
missão secreta dos EUA, segundo fontes militares, ao
menos o quarto ataque à Al
Qaeda do país desde dezembro. Esse ataque oferece uma
visão sobre a guerra sigilosa
do governo Obama contra a
Al Qaeda e seus aliados.
Em cerca de 12 países, do
norte da África ao Paquistão,
os Estados Unidos aumentaram significativamente suas
operações de inteligência,
perseguindo inimigos com
robôs, equipes de elite, pagando mercenários para espionagem e treinando locais
para perseguir terroristas.
A Casa Branca intensificou
o uso de mísseis teleguiados
pela CIA (Agência Central de
Inteligência) no Paquistão,
aprovou ataques contra a Al
Qaeda na Somália e lançou
operações clandestinas a
partir do Quênia.
O governo trabalhou com
aliados europeus para desmantelar grupos terroristas
no Norte da África. E o Pentágono criou conexões com
uma rede de mercenários para colher inteligência, por
exemplo, sobre esconderijos
de militantes no Paquistão.
Embora a guerra discreta
tenha começado com Bush,
foi com Barack Obama que
ganhou proeminência.
Virtualmente nenhum dos
novos passos agressivos tomados pelo governo americano vieram a conhecimento
público. Em contraste com o
envio de tropas ao Afeganistão, que tomou meses de debate, a campanha americana
no Iêmen começou sem ser
notada em dezembro e não
foi oficialmente confirmada.
Membros do governo Obama falam dos benefícios de
levar para as sombras a guerra contra a Al Qaeda e outras
milícias. Afeganistão e Iraque, dizem, esclareceram políticos e eleitores americanos
sobre os custos de grandes
guerras, que demandam
anos de ocupação e podem
gerar ainda mais radicalização no mundo muçulmano.
MERCENÁRIOS NO PODER
Ao invés do "martelo", nas
palavras de John O. Brennan,
importante conselheiro de
Obama em contraterrorismo,
os EUA vão usar o "bisturi".
Entretanto, tais guerras
acarretam muitos riscos: o
potencial de operações falhas que só fazem aumentar
o ódio antiamericano, uma
confusão na distinção entre
um soldado e um espião que
pode negar às tropas as proteções da Convenção de Genebra, o enfraquecimento da
supervisão do Congresso e a
confiança em líderes e regimes autoritários.
Por sua vez, o Pentágono
está ficando mais parecido
com a CIA. No Oriente Médio,
operações secretas são realizadas sob ordens que até então caberiam a agências civis. Esses programas operam
com ainda menos transparência que na CIA.
Com a expansão das operações de contraterrorismo a
territórios hostis aos militares, mercenários ganham um
papel de ainda mais relevância, levantando a dúvida de
se os EUA não terceirizaram
uma de suas mais importantes funções a um exército privado que não é auditável.
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