|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Hu privilegiará
questões sociais,
afirma analista
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
Se conseguir apoio no Partido Comunista Chinês, o presidente Hu Jintao tentará tornar-se um líder cujas prioridades
serão sobretudo sociais, buscando atenuar as dificuldades
das centenas de milhares de
pessoas que não puderam tirar
proveito do forte crescimento
econômico recente do país.
A análise é do renomado historiador britânico Jonathan D.
Spence, uma das maiores autoridades em China do mundo e
autor de "The Gate of Heavenly
Peace: The Chinese and Their
Revolution 1895-1980" (o portão da paz celestial: os chineses
e sua revolução 1895-1980).
Folha - Especula-se que o ex-presidente Jiang Zemin venha a
entregar o controle do Exército a
Hu. Este passaria, com isso, a ter
poder suficiente para introduzir
reais mudanças na China?
Jonathan D. Spence - Se Jiang
abrir mão do controle dos militares, o que ainda não é certo,
Hu passará a controlar o partido, a Presidência e as Forças
Armadas. Mas a questão central é que essas posições não garantem tudo. Se se mostrar fraco, Hu não terá muito poder.
Isso já ocorreu com outros líderes comunistas, como o presidente Hua [Guofeng], que
substituiu Mao [Tse-tung] por
pouco tempo na década de 70.
Ele respondia pelos três postos,
porém não tinha uma base sólida no Partido Comunista Chinês, e sua ação não foi decisiva.
Se controlar os três postos,
Hu terá mais liberdade para
implementar suas políticas.
Todavia ele ainda terá de ser
muito cuidadoso, trabalhando
com outros líderes do partido e
com a ala liderada por Jiang.
Folha - Os líderes chineses
sempre buscam imprimir seu estilo no país. Se Hu tiver poder,
quais serão suas prioridades?
Spence - Ele vem dando sinais
de que é um líder que gostaria
de ser lembrado como alguém
que se preocupa com os problemas sociais. Hu e seu premiê [Wen Jiabao] estão conscientes das imensas dificuldades sociais que estão aparecendo na China, do desemprego e
da falta de oportunidades.
Hu não parece ser um líder
autoritário, preocupado só
com a economia. Mas podemos descartar grandes mudanças nas estruturas do poder.
Mesmo assim, o presidente deverá buscar alterar o foco das
políticas governamentais, tentando privilegiar os excluídos.
Trata-se de centenas de milhões de pessoas que não puderam tirar proveito do extraordinário crescimento econômico recente da China. Hu tem
experiência no assunto, visto
que trabalhou em áreas pobres
do país, como o Tibete.
Texto Anterior: Ásia: China descarta modelo político ocidental Próximo Texto: Reino Unido: Caça à raposa causa invasão de Parlamento Índice
|