São Paulo, Sábado, 16 de Outubro de 1999
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Brasileira atua em missão na Tailândia

de Paris

Aurora Teixeira, 60, médica anestesista, é a única brasileira em missão da Médicos sem Fronteiras (MSF) da França. Desde abril, ela é a coordenadora da unidade de assistência aos refugiados sediada em Bancoc, na Tailândia.
Teixeira falou, em entrevista por telefone à Folha, de sua experiência de dois anos como voluntária da MSF no Sri Lanka e em Bancoc.

Folha - Como foi participar de uma missão de guerra no Sri Lanka?
Aurora Teixeira -
Em minha primeira missão no país, de julho a setembro de 97, eu trabalhei em um hospital próximo à área de conflito entre as forças do governo e as forças de oposição do grupo étnico tamil, que estão em constante guerra civil. Mas eu queria estar no campo de batalha, então voltei para um período de cinco meses, no início de 98, para um hospital na cidade de Malavi, zona tamil, onde existiam bombardeios constantes.

Folha - Houve momentos de muito perigo?
Teixeira -
Nossa unidade ficou várias vezes na iminência de ser retirada. Os recursos eram mínimos, porque o governo não abastecia o nosso posto por questões estratégicas. Às vezes, nós tínhamos de racionar até o oxigênio para os pacientes.

Folha - O que mais lhe marcou durante o trabalho em Malavi?
Teixeira -
Houve uma verdadeira batalha pelo controle de uma posição estratégica e morreu muita gente. A Cruz Vermelha, que se responsabiliza pelos corpos, enfileirou cerca de 650 cadáveres para serem reconhecidos pela população local. Eu não tive coragem de ver, eles ficaram lá dias.

Folha - O que vocês fazem em Bancoc?
Teixeira -
Nossa unidade aqui é de assistência para refugiados, pois a Tailândia tradicionalmente é uma zona que acolhe refugiados de guerras civis. Temos 60 mil pessoas em 20 acampamentos na fronteira com o Myanma (antiga Birmânia), que estão fugindo do governo ditatorial local.
Eu trabalho como médica e coordeno a unidade de Bancoc. Viajo para os campos de refugiados, lidamos com epidemias de cólera, de malária.


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