São Paulo, Sábado, 16 de Outubro de 1999
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CRISE NA ÁSIA
Governo militar anuncia congelamento de contas bancárias de políticos; EUA pedem civis no poder
Paquistão faz ofensiva anticorrupção

das agências internacionais

O Paquistão congelou as contas bancárias no país de centenas de políticos, entre eles as do premiê deposto Nawaz Sharif e da ex-premiê Benazir Bhutto. A lista de nomes foi feita pelo governo militar que derrubou Sharif terça-feira e instituiu o estado de emergência.
O general Pervez Musharraf, que assumiu ontem o comando do Poder Executivo e colocou "todo o Paquistão sob controle do Exército", afirmou que vai combater a corrupção no país e prometeu um governo "eficiente".
Não há previsão de quanto irá durar o governo militar. Musharraf deve fazer um pronunciamento hoje.
Musharraf suspendeu a Constituição e o Parlamento, além de cassar o premiê, seu gabinete e os governadores de Província. Não houve grandes manifestações contra o golpe.
A lista de contas congeladas reúne, por exemplo, os governadores de Províncias, grande parte dos deputados e outros políticos.
O presidente dos EUA, Bill Clinton, disse que os militares tem de "restaurar um governo civil" no Paquistão, mas acrescentou que não necessariamente a volta de Sharif. "Os EUA não tentam escolher os líderes de quaisquer países", afirmou Clinton.
"Gostaria de reiterar que eu, pessoalmente, apreciei o fato de o premiê Sharif ter removido seus soldados da linha de controle (região de trégua na fronteira entre Índia e Paquistão) e evitado um confronto entre duas potências nucleares", completou.
Índia e Paquistão já lutaram três guerras desde que ficaram independentes do então Império Britânico, em 1947. Duas dessas guerras foram por causa da região da Caxemira, dividida entre eles.
Este ano, indianos e paquistaneses estiveram à beira de um terceiro conflito por causa da Caxemira, o que poderia levar a uma escalada nuclear, já que os dois países tem capacidade de produzir armas atômicas.
A Caxemira tem, como o Paquistão, uma população de maioria muçulmana -a Índia é majoritariamente hindu. Nacionalistas paquistaneses já pediram uma "guerra santa" contra a presença indiana na Caxemira.
A retirada das tropas paquistanesas, em parte por causa da pressão dos Estados Unidos, foi um dos motivos para o golpe. O recuo foi considerado "vergonhoso" pelo Exército -instituição mais influente e organizada do Paquistão.
Outros motivos para o movimento militar foram a grave crise econômica por que passa o Paquistão -hoje dependente de ajuda externa- e a impopularidade do premiê deposto.


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