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CRISE NA ÁSIA
Governo militar anuncia congelamento de contas bancárias de políticos; EUA pedem civis no poder
Paquistão faz ofensiva anticorrupção
das agências internacionais
O Paquistão congelou as contas
bancárias no país de centenas de
políticos, entre eles as do premiê
deposto Nawaz Sharif e da ex-premiê Benazir Bhutto. A lista de nomes foi feita pelo governo militar
que derrubou Sharif terça-feira e
instituiu o estado de emergência.
O general Pervez Musharraf,
que assumiu ontem o comando
do Poder Executivo e colocou "todo o Paquistão sob controle do
Exército", afirmou que vai combater a corrupção no país e prometeu um governo "eficiente".
Não há previsão de quanto irá
durar o governo militar. Musharraf deve fazer um pronunciamento hoje.
Musharraf suspendeu a Constituição e o Parlamento, além de
cassar o premiê, seu gabinete e os
governadores de Província. Não
houve grandes manifestações
contra o golpe.
A lista de contas congeladas
reúne, por exemplo, os governadores de Províncias, grande parte
dos deputados e outros políticos.
O presidente dos EUA, Bill Clinton, disse que os militares tem de
"restaurar um governo civil" no
Paquistão, mas acrescentou que
não necessariamente a volta de
Sharif. "Os EUA não tentam escolher os líderes de quaisquer países", afirmou Clinton.
"Gostaria de reiterar que eu,
pessoalmente, apreciei o fato de o
premiê Sharif ter removido seus
soldados da linha de controle (região de trégua na fronteira entre
Índia e Paquistão) e evitado um
confronto entre duas potências
nucleares", completou.
Índia e Paquistão já lutaram três
guerras desde que ficaram independentes do então Império Britânico, em 1947. Duas dessas
guerras foram por causa da região
da Caxemira, dividida entre eles.
Este ano, indianos e paquistaneses estiveram à beira de um terceiro conflito por causa da Caxemira, o que poderia levar a uma escalada nuclear, já que os dois países tem capacidade de produzir
armas atômicas.
A Caxemira tem, como o Paquistão, uma população de maioria muçulmana -a Índia é majoritariamente hindu. Nacionalistas
paquistaneses já pediram uma
"guerra santa" contra a presença
indiana na Caxemira.
A retirada das tropas paquistanesas, em parte por causa da pressão dos Estados Unidos, foi um
dos motivos para o golpe. O recuo
foi considerado "vergonhoso" pelo Exército -instituição mais influente e organizada do Paquistão.
Outros motivos para o movimento militar foram a grave crise
econômica por que passa o Paquistão -hoje dependente de
ajuda externa- e a impopularidade do premiê deposto.
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