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MODA SEM FUROS
Apelidado de "Armani à prova de bala", Miguel Caballero vende para empresários e políticos
Colombiano cria alta-costura blindada
ERNANE GUIMARÃES NETO
DA REDAÇÃO
Em 1992, um estudante de administração de empresas colombiano descobriu um novo filão:
prêt-à-porter blindado. O negócio, que Miguel Caballero iniciou
em Bogotá com US$ 10 para tornar uma jaqueta de couro resistente a tiros, movimenta hoje
US$ 4 milhões ao ano (cerca de
R$ 9 milhões).
O passo criativo em relação ao
tradicional colete à prova de balas rendeu, segundo Caballero,
clientes como o presidente de seu
país, Álvaro Uribe, e seus pares
em El Salvador, na República
Dominicana e na Venezuela.
A idéia surgiu quando uma colega de estudo disse que seus
guarda-costas preferiam não
usar os coletes à prova de balas, e
Caballero decidiu pesquisar "a
melhor maneira de oferecer proteção com conforto e discrição".
Demonstrações públicas, em
que tiros são disparados contra
funcionários vestindo os produtos, tornaram o negócio popular.
Caballero diz que sua empresa
tem hoje 92 produtos diferentes,
incluindo capas, paletós, camisetas e produtos mais convencionais, como coletes para pessoas
ou cães de guarda.
O empresário ri quando a reportagem da Folha pergunta sobre a origem do apelido "Armani
da alta segurança". "Foi a "BusinessWeek" [revista dos EUA]."
Como as grandes marcas de alfaiataria, a Miguel Caballero vende roupas em tamanho padrão
ou sob encomenda. "O príncipe
Felipe da Espanha e sua mulher
Letizia têm o hobby de caçar e
têm jaquetas especiais", conta.
O material usado pela Miguel
Caballero não é o mesmo da
maioria dos coletes à prova de
balas. Costuma-se usar uma fibra
chamada aramida (Kevlar, por
exemplo, é uma marca de produto feito com aramida).
"Não usamos Kevlar porque
tem muito problema com umidade", diz. A empresa recorreu a
uma indústria européia, que desenvolveu um material híbrido
de polietileno e nylon. Caballero
afirma que o material oferece o
nível IIIA de proteção, o que
equivale a dizer que a roupa resiste ao impacto de tiros de 9 mm
de uma submetralhadora Uzi.
Para ele, o material garante
também conforto: "Nossa primeira jaqueta de couro blindada
tinha 4,5 kg, agora tem 1,2 kg".
Expansão internacional
Segundo Caballero, 30% das
vendas ficam na Colômbia. A
empresa tem representantes em
16 outros países e escritórios na
Venezuela e no México.
O Brasil não está entre os consumidores. Em vez de tentar obter autorização para vender no
Brasil, Caballero insinua outros
interesses: "Se eu conseguir um
parceiro para instalar uma fábrica no Brasil vou vender aí. Mas
quero aumentar nossa fábrica na
Colômbia para vender para o
resto do mundo".
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