São Paulo, domingo, 16 de outubro de 2005

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MODA SEM FUROS

Apelidado de "Armani à prova de bala", Miguel Caballero vende para empresários e políticos

Colombiano cria alta-costura blindada

ERNANE GUIMARÃES NETO
DA REDAÇÃO

Em 1992, um estudante de administração de empresas colombiano descobriu um novo filão: prêt-à-porter blindado. O negócio, que Miguel Caballero iniciou em Bogotá com US$ 10 para tornar uma jaqueta de couro resistente a tiros, movimenta hoje US$ 4 milhões ao ano (cerca de R$ 9 milhões).
O passo criativo em relação ao tradicional colete à prova de balas rendeu, segundo Caballero, clientes como o presidente de seu país, Álvaro Uribe, e seus pares em El Salvador, na República Dominicana e na Venezuela.
A idéia surgiu quando uma colega de estudo disse que seus guarda-costas preferiam não usar os coletes à prova de balas, e Caballero decidiu pesquisar "a melhor maneira de oferecer proteção com conforto e discrição".
Demonstrações públicas, em que tiros são disparados contra funcionários vestindo os produtos, tornaram o negócio popular.
Caballero diz que sua empresa tem hoje 92 produtos diferentes, incluindo capas, paletós, camisetas e produtos mais convencionais, como coletes para pessoas ou cães de guarda.
O empresário ri quando a reportagem da Folha pergunta sobre a origem do apelido "Armani da alta segurança". "Foi a "BusinessWeek" [revista dos EUA]."
Como as grandes marcas de alfaiataria, a Miguel Caballero vende roupas em tamanho padrão ou sob encomenda. "O príncipe Felipe da Espanha e sua mulher Letizia têm o hobby de caçar e têm jaquetas especiais", conta.
O material usado pela Miguel Caballero não é o mesmo da maioria dos coletes à prova de balas. Costuma-se usar uma fibra chamada aramida (Kevlar, por exemplo, é uma marca de produto feito com aramida).
"Não usamos Kevlar porque tem muito problema com umidade", diz. A empresa recorreu a uma indústria européia, que desenvolveu um material híbrido de polietileno e nylon. Caballero afirma que o material oferece o nível IIIA de proteção, o que equivale a dizer que a roupa resiste ao impacto de tiros de 9 mm de uma submetralhadora Uzi.
Para ele, o material garante também conforto: "Nossa primeira jaqueta de couro blindada tinha 4,5 kg, agora tem 1,2 kg".

Expansão internacional
Segundo Caballero, 30% das vendas ficam na Colômbia. A empresa tem representantes em 16 outros países e escritórios na Venezuela e no México.
O Brasil não está entre os consumidores. Em vez de tentar obter autorização para vender no Brasil, Caballero insinua outros interesses: "Se eu conseguir um parceiro para instalar uma fábrica no Brasil vou vender aí. Mas quero aumentar nossa fábrica na Colômbia para vender para o resto do mundo".


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