São Paulo, segunda-feira, 16 de outubro de 2006

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EUA pedem pressão da China contra Coréia do Norte

Washington afirma que Pequim foi "humilhada" por teste nuclear e não pressiona norte-coreanos porque "não quer"

Depois de encontro em Pyongyang, vice-chanceler russo afirma que Coréia do Norte está disposta a retomar as negociações

Adam Dean/Reuters
Norte-coreanos entram em barco no rio Yalu cidade de Sinuiju; país está sob sanções da ONU


DA REDAÇÃO

Após conseguir a aprovação na véspera, por unanimidade, de sanções contra a Coréia do Norte pelo Conselho de Segurança da ONU, o representante americano no organismo, John Bolton, voltou sua retórica para a China e exortou Pequim a implementar as medidas contra Pyongyang, que realizou um teste nuclear no último dia 9.
Bolton afirmou ontem que "a China tem obrigação de deixar claro que irá cumprir a resolução" e uma "grande responsabilidade" em influenciar o comportamento do regime norte-coreano.
Entre as sanções aprovadas pelo CS, estão a eliminação de todas as armas nucleares e o desmantelamento do programa nuclear da Coréia do Norte, bem como a suspensão da venda ao país de matérias-primas para armas de destruição em massa, a inspeção de cargueiros que se aproximem ou deixem os portos do país e o congelamento de ativos financeiros ligados à proliferação nuclear.
O embaixador dos EUA na ONU também afirmou que o teste realizado por Pyongyang representa uma "humilhação pública" para a China, principal aliado de Pyongyang e seu fornecedor de energia e alimentos. Se a China cortasse esse suprimento, sugeriu Bolton, "seria altamente persuasiva em relação a Pyongyang". "Mas ela ainda não está querendo fazer isso. Acho que a China tem grande responsabilidade aqui."
Bolton afirmou que, se a Coréia do Norte insistir em construir um arsenal nuclear, os EUA "aumentarão a pressão, ampliando seu isolamento internacional". Na véspera, o representante norte-coreano na ONU dissera que novas pressões de Washington seriam lidas por seu governo como uma "declaração de guerra"
A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, inicia nesta semana uma giro pela Ásia para consultar aliados sobre como implementar a resolução da ONU. "Compreendo que as pessoas estejam preocupadas sobre como trabalhar de modo a não aumentar as tensões na região, e estamos perfeitamente dispostos a ter esses diálogos", disse Rice. E concluiu: "Tenho certeza de que a China irá cumprir com suas responsabilidades".

Retomada de negociações
Segundo o vice-chanceler russo, Alexander Alexeiev, a Coréia do Norte está interessada em retomar as negociações sobre seu programa nuclear, interrompidas no ano passado.
"Concordamos que devemos continuar trabalhando para uma solução diplomática e que as negociações em seis partes (China, Japão, Coréia do Norte, Rússia, Coréia do Sul e EUA) devem ser ressuscitadas", afirmou Alexeiev, depois de se reunir com seu colega norte-coreano, Kim Kye-Kwan.
"Em Pyongyang, me disseram várias vezes que são a favor da continuação do processo (multilateral) e de uma península Coreana sem armas nucleares", afirmou Alexeiev, que também se reuniu com seu colega sul-coreano, Chun Yung-Woo, em Seul. Mas Chun disse ter dúvidas sobre a retomadas das negociações: "Precisamos ver como a Coréia do Norte responde às sanções".
Na última rodada de negociações a seis, Pyongyang concordou em abandonar seu programa nuclear em troca de garantias de ajuda energética e econômica. Mas, dois meses depois, boicotou o processo em protesto contra restrições financeiras impostas pelos EUA.

Novo secretário-geral
O futuro secretário-geral da ONU e chanceler sul-coreano, Ban Ki-Moon, espera se reunir com o presidente Kim Jong-il tão logo assuma seu cargo, em janeiro de 2007. "Se for necessário, tomarei uma iniciativa própria que poderá incluir visitar a Coréia do Norte e reunir-me com líderes norte-coreanos", disse à revista "Newsweek".
Ban disse "estar em uma posição muito mais favorável do que qualquer outro secretário-geral", por vir da Coréia do Sul".


Com agências internacionais

"Compreendo que as pessoas estejam preocupadas sobre como trabalhar de modo a não aumentar as tensões na região, e estamos perfeitamente dispostos a ter esses diálogos. Tenho certeza de que a China irá cumprir com suas responsabilidades"
CONDOLEEZZA RICEsecretária de Estado dos EUA


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