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análise
País escapa ao controle de dirigentes
DO "FINANCIAL TIMES"
Não se deixem enganar
pela pompa e disciplina
exibidas no Grande Salão
do Povo, em Pequim. O
público não tem acesso ao
espetáculo conduzido em
seu nome, mas isso não
significa que Hu Jintao e
seus aliados estejam no
controle do congresso do
PC, para não falar do país.
Hu e o primeiro-ministro, Wen Jiabao, devem
ser confirmados para novos mandatos de cinco
anos em seus postos. No
entanto, a incapacidade de
Hu de definir sem oposição a escolha de seu sucessor em 2012 demonstra
até que ponto é difícil para
um líder chinês atual desfrutar do tipo de influência que Deng Xiaoping
exerceu até sua morte.
A fraqueza de Hu se manifesta também na dificuldade para aprovar suas
propostas políticas. Hu e
Wen anunciaram seguidas
vezes sua intenção de reduzir a disparidade entre
ricos e pobres e de promover o desenvolvimento
ambientalmente sustentável, em lugar de manter
o foco apenas no crescimento econômico rápido.
O fato de que tenham
fracassado em impor essa
alteração de rumo -o
crescimento se acelerou,
cresceu a disparidade e a
poluição se agravou- pode ser atribuído em parte à
recusa dos líderes do partido nas Províncias e cidades chinesas a alterar as
políticas de alto crescimento que serviram muito bem a eles e aos seus
aliados entre os empresários. Mas também falta à
liderança central a vontade política necessária para
impor as soluções que ela
sabe corretas.
Ontem, o presidente Hu
parecia ter voltado a enfatizar o crescimento em alta velocidade. Esse recuo
colocará a liderança do
país em rota de colisão não
só com outras nações que
estão sobrecarregadas de
exportações chinesas mas
também com as massas
cada vez mais irrequietas
da China, que se sentem
excluídas do crescimento
descontrolado.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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