São Paulo, sexta-feira, 16 de outubro de 2009

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Congresso quer rever ação antidroga dos EUA

Comissão independente anunciada por deputados visa avaliar políticas e programas do governo americano para o continente

Objetivo é rever ações tidas como em geral ineficientes e caras e sugerir alternativas; medida ainda precisa passar pelo plenário do Congresso


SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

A Subcomissão do Hemisfério Ocidental da Câmara dos Representantes (deputados) dos EUA, que cuida das ações daquela Casa relacionadas à América Latina, aprovou ontem proposta de lei que cria uma comissão independente para avaliar as políticas e programas antidrogas do governo americano para as Américas. A medida ainda tem de passar pelo plenário do Congresso.
Pela proposta, dentro de um ano o novo grupo deverá apresentar um relatório ao Congresso apontando falhas e sugerindo novos caminhos. O objetivo, segundo o autor da medida, o democrata Eliot Engel, de Nova York, é reexaminar os esforços antinarcóticos tanto no país como no continente.
A avaliação da subcomissão é que Washington gasta muito dinheiro numa política defasada e de resultados duvidosos.
O anúncio acontece num momento em que governantes e entidades em EUA, Europa e América Latina discutem a eficácia das políticas de combate às drogas adotadas atualmente no mundo, a maior parte formulada ainda nos anos 60 e 70 e nunca mais atualizada.
A nova ação, batizada Comissão de Política de Drogas do Hemisfério Ocidental, se reportará ao Congresso, aos departamentos de Estado e de Saúde e Serviços Humanos e ao Escritório da Política Nacional de Controle das Drogas. Deve abarcar não só ações de combate e policiamento como de prevenção e tratamento, no que Eliot Engel chamou de "enfoque mais abrangente".
Outro objetivo da comissão será unificar as iniciativas dos EUA para a região, hoje espalhadas pelo organograma do governo. "Até hoje, eu não sei dizer quem no Departamento de Estado cuida de nossos esforços antidrogas no hemisfério Ocidental", disse Engel.
O assunto é polêmico. Hoje, a entrada militar dos EUA na região se dá principalmente por ações de combate a drogas.
Após o encontro que teve com Barack Obama em março, na Casa Branca, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que proporia à Unasul (União de Nações Sul-Americanas) a criação de um conselho de combate ao narcotráfico similar ao de Defesa, ideia sua e do colombiano Álvaro Uribe, para evitar ingerência externa.
Ao anunciar a nova comissão, ontem, Engel disse que o governo americano vem mudando gradativamente sua visão de combate às drogas, antes de encarar apenas o lado produtor, agora focando mais o lado consumidor também.
Com cerca de 5% da população mundial, os EUA respondem por 17,2% do consumo de drogas ilegais, segundo o democrata. Ao visitar o México em março, a secretária de Estado, Hillary Clinton, disse: "Nossa demanda insaciável por drogas ilegais alimenta o mercado".


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