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Congresso quer rever ação antidroga dos EUA
Comissão independente anunciada por deputados visa avaliar políticas e programas do governo americano para o continente
Objetivo é rever ações tidas como em geral ineficientes e caras e sugerir alternativas; medida ainda precisa passar pelo plenário do Congresso
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
A Subcomissão do Hemisfério Ocidental da Câmara dos
Representantes (deputados)
dos EUA, que cuida das ações
daquela Casa relacionadas à
América Latina, aprovou ontem proposta de lei que cria
uma comissão independente
para avaliar as políticas e programas antidrogas do governo
americano para as Américas. A
medida ainda tem de passar pelo plenário do Congresso.
Pela proposta, dentro de um
ano o novo grupo deverá apresentar um relatório ao Congresso apontando falhas e sugerindo novos caminhos. O objetivo, segundo o autor da medida, o democrata Eliot Engel, de
Nova York, é reexaminar os esforços antinarcóticos tanto no
país como no continente.
A avaliação da subcomissão é
que Washington gasta muito
dinheiro numa política defasada e de resultados duvidosos.
O anúncio acontece num
momento em que governantes
e entidades em EUA, Europa e
América Latina discutem a eficácia das políticas de combate
às drogas adotadas atualmente
no mundo, a maior parte formulada ainda nos anos 60 e 70
e nunca mais atualizada.
A nova ação, batizada Comissão de Política de Drogas do
Hemisfério Ocidental, se reportará ao Congresso, aos departamentos de Estado e de
Saúde e Serviços Humanos e ao
Escritório da Política Nacional
de Controle das Drogas. Deve
abarcar não só ações de combate e policiamento como de prevenção e tratamento, no que
Eliot Engel chamou de "enfoque mais abrangente".
Outro objetivo da comissão
será unificar as iniciativas dos
EUA para a região, hoje espalhadas pelo organograma do
governo. "Até hoje, eu não sei
dizer quem no Departamento
de Estado cuida de nossos esforços antidrogas no hemisfério Ocidental", disse Engel.
O assunto é polêmico. Hoje, a
entrada militar dos EUA na região se dá principalmente por
ações de combate a drogas.
Após o encontro que teve
com Barack Obama em março,
na Casa Branca, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que proporia à Unasul
(União de Nações Sul-Americanas) a criação de um conselho
de combate ao narcotráfico similar ao de Defesa, ideia sua e
do colombiano Álvaro Uribe,
para evitar ingerência externa.
Ao anunciar a nova comissão,
ontem, Engel disse que o governo americano vem mudando
gradativamente sua visão de
combate às drogas, antes de encarar apenas o lado produtor,
agora focando mais o lado consumidor também.
Com cerca de 5% da população mundial, os EUA respondem por 17,2% do consumo de
drogas ilegais, segundo o democrata. Ao visitar o México em
março, a secretária de Estado,
Hillary Clinton, disse: "Nossa
demanda insaciável por drogas
ilegais alimenta o mercado".
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