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DIPLOMACIA
No encontro, Powell diz que auxílio econômico ajuda a conter 'grupos mais radicais'; Brasil participa da iniciativa
EUA criam Grupo de Apoio à Bolívia com 19 países
FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO
Preocupado com a ascensão do
líder socialista Evo Morales e de
movimentos indígenas radicais, o
governo norte-americano sediou
ontem um encontro para discutir
formas de ajuda econômica à Bolívia. O Brasil foi um dos 19 países
que enviaram representantes,
além de seis organismos internacionais, entre os quais o FMI.
O secretário de Estado americano, Colin Powell, que participou
apenas do almoço, disse que a
ajuda econômica ao governo do
recém-empossado presidente
Carlos Mesa é importante para
"conter grupos mais radicais".
Durante a Cúpula das Américas, realizada no México no início
desta semana, o presidente George W. Bush se encontrou com o
presidente Mesa e propôs, junto
com o governo mexicano, a criação do Grupo de Apoio à Bolívia,
cujo primeiro encontro foi realizado ontem, em Washington.
Alem do Brasil, participaram
Argentina, Japão e Espanha, entre
outros países. O Banco Mundial e
o o BID (Banco Interamericano
de Desenvolvimento) também
enviaram representantes. O governo boliviano participou com
dois ministros.
Trata-se da primeira grande
ação diplomática norte-americana na Bolívia após a renúncia do
ex-presidente Gonzalo Sánchez
de Lozada, um antigo aliado de
Washington, em outubro, em decorrência de violentos protestos
que paralisaram o país e deixaram
um saldo de 80 manifestantes
mortos.
O então vice-presidente Mesa,
um empresário da comunicação
sem filiação partidária e com pouca experiência política, assumiu
imediatamente.
O desafio de Mesa agora é terminar o mandato (2007) sob forte
pressão da oposição e atravessando uma grave crise econômica.
"Esquerdização"
Os EUA afirmam temer um movimento de "esquerdização" da
América Latina supostamente liderado pelo ditador cubano, Fidel
Castro, e pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez.
Na semana passada, Washington acusou Caracas de ter dado
dinheiro a Morales para financiar
os protestos contra Sánchez de
Lozada. O líder socialista nega.
A criação do Grupo de Apoio à
Bolívia é vista pelo Itamaraty como um sinal "positivo" de mudança da política externa norte-americana para a América Latina,
já que Washington se mostra interessada a ajudar o país num sentido mais amplo, ao invés de apenas financiar projetos específicos,
como os de erradicação de plantações de coca.
Durante o encontro, que durou
cerca de três horas, os representantes concordaram em dar "tratamento concessional" à Bolívia,
mas nenhuma medida concreta
foi anunciada.
Na reunião, o Brasil informou
que, no fim do ano passado, perdoou a dívida boliviana de US$
52,5 milhões com o país e exortou
os outros governos a estudarem
medidas semelhantes.
O Brasil é um dos principais investidores no país vizinho. Apenas a Petrobras Bolívia responde
por cerca de 10% do PIB nacional.
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