São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 2011

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TRAGÉDIA NO JAPÃO

Imperador vai à TV pela 1ª vez e pede esperança

Akihito, 77, expressa condolências às vítimas do maior tremor do Japão

Em discurso histórico, chefe de Estado do país se diz profundamente preocupado com crise em usina nuclear

ELIANE KURTENBACH
DA ASSOCIATED PRESS, EM TÓQUIO

O imperador Akihito, do Japão, falou à nação ontem no primeiro discurso feito para a televisão desde que ascendeu ao poder, expressando condolências às vítimas do enorme terremoto seguido de tsunami que atingiu o país na semana passada e exortando a população japonesa a não desistir.
Fazendo uma reverência e depois falando em tom solene, o imperador, que trajava um terno cinza, expressou preocupação com a crise na usina nuclear de Fukushima 1, que foi danificada pelos desastres naturais -e que provocou o vazamento de radioatividade.
"Estou profundamente preocupado com a situação nuclear, porque é imprevisível", afirmou o imperador japonês. "Com a ajuda dos envolvidos, espero que as coisas não se agravem mais."
O tsunami do último dia 11, provocado pelo megaterremoto de magnitude 9,0 -o maior já registrado no Japão-, devastou a costa nordeste do país, e autoridades acreditam que mais de 10 mil pessoas tenham morrido.
Akihito, de 77 anos, agradeceu aos envolvidos nas operações de resgate e ajuda, incluindo alguns governos estrangeiros, e pediu um esforço total de resgate.
"Nós não conhecemos o número de vítimas, mas eu rezo para que cada pessoa possa ser salva", disse o imperador japonês no discurso, que teve aproximadamente seis minutos.
"Rezo pela segurança do maior número de pessoas possível", disse Akihito, que manifestou ainda solidariedade com os que tiveram de deixar suas casas "em condições extremamente difíceis de frio, falta de água e de aquecimento".
"Rezo para que os trabalhos dos socorristas progridam rapidamente e que a vida das pessoas melhore, mesmo que apenas um pouco, para lhes dar esperanças de iniciar a reconstrução", completou.

TRANSMISSÃO HISTÓRICA
A transmissão histórica ressalta a gravidade da situação enfrentada pelo Japão desde a semana passada.
Embora Akihito costume fazer discursos televisionados anuais para comemorar o Ano-Novo e o fim da Segunda Guerra, ele nunca se dirigira diretamente à nação diante das câmeras, segundo a Agência da Casa Imperial.
Akihito, que chegou ao trono em 1989, costuma visitar, ao lado da mulher, Michiko, os locais atingidos por catástrofes para apoiar as vítimas, mas não se pronunciar.
Após o megaterremoto de Kobe, em 1995, quando mais de 6.000 pessoas morreram, o imperador emitiu apenas um comunicado por escrito.
A mensagem do imperador, porém, não foi proferida ao vivo, mas foi gravada na manhã de ontem, segundo a Agência da Casa Imperial.
Embora o imperador seja oficialmente o chefe de Estado do Japão, o cargo é na prática apenas de honra, sem nenhuma função pública.


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