São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

ANÁLISE

Rompimento de silêncio indica a gravidade do momento

JOÃO BATISTA NATALI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A última vez que um imperador japonês usou a mídia eletrônica para se dirigir ao país em momento de crise foi em 15 de agosto de 1945. Hiroíto (1901-1989), pai do atual ocupante do trono, leu pelo rádio mensagem em que anunciava a aceitação da rendição militar incondicional imposta pelos aliados.
Foi o famoso apelo para os japoneses "suportarem o insuportável" (a derrota). Nove dias antes, os americanos haviam lançado a bomba sobre Hiroshima. A voz de Hiroíto, imperador desde 1926, nunca tinha sido ouvida pela maioria dos japoneses.
Segundo antiga tradição japonesa, ao imperador basta o fato de existir. Ele não fala. Sua promessa de mudez é quebrada com as mensagens de Ano-Novo ou com as declarações -propositalmente vazias de conteúdo político- que faz ao exterior.
É por isso que o pronunciamento de ontem é altamente excepcional. Significa que a situação é grave ou mesmo gravíssima, caso os vazamentos nucleares provoquem desdobramentos mais trágicos que os admitidos até agora pelo governo.
Qualquer país mistura mitos à história. No caso japonês, é tradicional a ideia de que o trono existe desde 660 a.C.; por essas contas, Akihito, 77, é o imperador número 125. O grande feriado anual japonês é 23 de dezembro, aniversário do imperador.
Mas há controvérsias sobre o apartidarismo, mesmo diplomático, dos ocupantes do trono. A começar por Hiroíto, apresentado em seu funeral como contrário ao militarismo agressivo do Japão na Segunda Guerra. Historiadores respeitáveis negam.


Texto Anterior: Tragédia no Japão: Imperador vai à TV pela 1ª vez e pede esperança
Próximo Texto: SOS decasséguis
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.