São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
ENTREVISTA Para analista, motivação da visita não é clara DE WASHINGTON Para Peter Hakim, presidente emérito do "think tank" Inter-American Dialogue, Washington não explicou direito o que quer com a viagem do presidente Barack Obama ao Brasil. A visita acabou se tornando uma indagação sobre o que o Brasil pode fazer pelos EUA, principalmente na economia. (AM) Folha - O sr. havia dito que via uma falta de propósito na viagem. Por quê? Peter Hakim - Não sinto que o objetivo real da viagem foi bem explicado. Houve diferentes focos. Ela acabou se tornando largamente voltada a comércio e negócios. A equipe que viaja com o presidente é praticamente toda da área econômica. Hillary Clinton não vai, nem ninguém da Defesa. A viagem começou como uma visita presidencial para discutir temas polêmicos que atrapalhavam a cooperação entre os dois países, principalmente Irã e programas nucleares -mas isso se tornou secundário, assim como o papel do Brasil na América Latina e no mundo. O comércio é terrivelmente importante, mas não é o único tema importante das relações bilaterais. E não sei se os outros temas estão recebendo a atenção que merecem. Os assuntos mais importantes são geopolíticos, e o Brasil deveria ter chance de falar sobre o Conselho de Segurança da ONU. Espero que esses assuntos sejam abordados e a viagem não seja só para o presidente se sentir bem. Há sensação no Brasil de que os EUA estão oferecendo pouco. O sr. concorda? Sim. Washington diz "não pergunte o que os EUA podem fazer pelo Brasil, mas o que o Brasil pode fazer pelos EUA". A Casa Branca diz que quer fazer parcerias globais com o Brasil. Isso mostra reconhecimento de uma nova estatura do país? Não sei bem o que eles querem dizer com "parcerias". É improvável que desejem ir até lá discutir o Oriente Médio. Acho que querem fazer programas de assistência na África ou repetir o modelo de cooperação que têm no Haiti. Então qual o significado da ida ao Brasil? O Brasil é a parte mais importante da viagem. O que acontecer no Brasil indicará se teremos mudança real de política dos EUA para a América Latina. Texto Anterior: Foco: Líder americano escolhe "UPP problema" para visitar no Rio Próximo Texto: Onda de revoltas: EUA condenam ação saudita no Bahrein Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |