São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 2011

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ONDA DE REVOLTAS

EUA condenam ação saudita no Bahrein

Hillary diz que ocupação por aliados históricos "vai na direção errada'; ao menos cinco manifestantes morrem

Confrontos se alastram para o interior do país; oposição teme eclosão de uma guerra sectária entre sunitas e xiitas

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Os EUA rejeitaram ontem o envio de mais de mil tropas sauditas ao Bahrein, condenando a ocupação realizada a pedido do rei bareinita Hamad bin Isa al Khalifa.
Numa crítica direta a aliados históricos e fornecedores de petróleo, o governo americano afirmou que tanto a Arábia Saudita quanto o Bahrein estão "na direção errada" e pediu o desbloqueio do acesso ao hospital Salmaniya, invadido pelas tropas.
O ataque das forças de segurança bareinitas e sauditas contra os manifestantes xiitas na praça Pérola, na capital, Manama, deixou pelo menos cinco mortos.
No Cairo, a secretária de Estado Hillary Clinton criticou a repressão militar e advertiu o governo bareinita sobre o impacto de medidas como o estado de exceção, o corte à internet e a implementação de um toque de recolher em Manama.
Horas após as tropas sunitas abrirem fogo contra os xiitas, deixando centenas de feridos, o presidente dos EUA, Barack Obama, ligou para os reis Abdullah, da Arábia Saudita, e Hamad bin Isa al Khalifa, do Bahrein, solicitando "contenção máxima".
Washington, que mantém sua Quinta Frota no Bahrein, elevou a retórica após a escalada da crise nas últimas 48 horas. Teerã, um dia depois de manifestar sua rejeição à ocupação saudita e apontar "perigosas consequências" à segurança do golfo Pérsico, também aumentou o tom.
"O que aconteceu é ruim, injustificável e irreparável", disse o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, que convocou seu embaixador em Manama em resposta a gesto similar feito pelo governo do Bahrein na véspera.

VIOLENTA REPRESSÃO
O ataque à praça Pérola, reduto dos manifestantes xiitas há mais de um mês, teve início logo às 6h30 de ontem. Soldados e policiais invadiram o local lançando bombas de gás lacrimogêneo e atirando com metralhadoras.
Testemunhas relataram ter visto cinco helicópteros abrindo fogo contra a população. Acuados, mais de 300 xiitas abandonaram a praça. O governo do país negou a utilização de munição real e reconheceu a morte de somente dois policiais.
Visto como um reduto político, o hospital Salmaniya, o maior do país, foi invadido, e médicos foram atacados ao tentar atender os feridos.
"Até agora, resistimos na praça Pérola. Agora resistiremos em cada cidade e vilarejo", disse o líder xiita Abdul Jalil Khalil. Enfurecida, a minoria xiita da Arábia Saudita foi às ruas contra a família real pelo envio de tropas.
No Iraque, centenas de xiitas se manifestaram e devem voltar às ruas amanhã.


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