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PÓS-SADDAM
Em dois dias de conflitos na cidade, 17 já morreram; moradores acusam americanos
Novo tiroteio mata mais 3 em Mossul
DA ASSOCIATED PRESS, EM MOSSUL
Novos confrontos em Mossul
causaram três mortes ontem e
elevaram para 17 o número de civis mortos em dois dias, supostamente por fuzileiros navais americanos que ocupam a maior cidade do norte do Iraque.
O conflito de ontem ocorreu
quando a polícia local iraquiana
tentou impedir um saque a uma
agência bancária na praça do Governo, mesma área do enfrentamento de anteontem.
Segundo testemunhas, os policiais iraquianos chegaram atirando para o alto, para dispersar os
saqueadores. Nesse momento,
soldados americanos que protegiam o prédio vizinho, do governo de Mossul, dispararam para o
interior da agência bancária. "Os
americanos pensaram que nós estávamos atirando neles e, por isso,
dispararam contra nós", declarou
Amar Ghanem Abdullah, 25, um
dos policiais feridos no incidente.
Um fuzileiro naval americano
no local, que se identificou apenas
como sargento Chat, negou que
os marines tenham atirado em direção à agência bancária.
Anteontem, marines dispararam contra cerca de 3.000 pessoas
que contestavam o discurso pró-EUA do novo governante da cidade, Mushan al Jaburi. Testemunhas relataram que franco-atiradores que estavam na platéia atiraram contra os soldados.
O comando das operações da
coalizão só ontem reconheceu a
morte de iraquianos durante o
discurso de Al Jaburi. Segundo o
general Vincent Brooks, um dos
porta-vozes dos EUA, sete iraquianos foram mortos na reação
dos marines. Ele não falou sobre
feridos. Brooks declarou que alguns manifestantes mais exaltados tentaram escalar o prédio do
governo para chegar à varanda
onde estava Al Jaburi, em um
"ataque coordenado".
O porta-voz norte-americano
disse não ter conhecimento sobre
o incidente de ontem.
Administradores dos dois principais hospitais de Mossul declararam que 14 pessoas morreram
anteontem e mais de cem ficaram
feridas. Ontem, além dos três
mortos, 17 pessoas ficaram feridas no tiroteio.
Seis dos feridos na agência bancária disseram à Associated Press
que foram atingidos por disparos
de americanos. Mozafar Ahmad,
14, com ferimentos de bala em um
braço e em um joelho, afirmou
que estava dentro de um ônibus
que passava em frente ao banco
quando foi alvejado.
"Eles estão nos matando, e ninguém fala sobre isso", desabafou
Zahra Yassin, cujo filho foi ferido
no incidente. "Queremos Saddam
de volta. Ao menos havia segurança", completou.
Zonas militares
Para tentar evitar conflitos como os de Mossul e aumentar a segurança no Iraque, as forças ocupantes dividiram o país em três
zonas militares: o norte do país,
incluindo a área de predominância curda, a região central, com
Bagdá, e o sul iraquiano.
Ao anunciar essa divisão, o general norte-americano Stanley
McChrystal disse ainda não saber
quantos soldados serão necessários para garantir a reconstrução
do Iraque pós-Saddam Hussein.
McChrystal, um dos porta-vozes do Pentágono, disse ainda que
o comando das forças da coalizão
deve ser transferido, no futuro
próximo, do Kuait para o Iraque,
possivelmente para Bagdá.
Com agências internacionais
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