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São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2003

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PÓS-SADDAM

Em dois dias de conflitos na cidade, 17 já morreram; moradores acusam americanos

Novo tiroteio mata mais 3 em Mossul

DA ASSOCIATED PRESS, EM MOSSUL

Novos confrontos em Mossul causaram três mortes ontem e elevaram para 17 o número de civis mortos em dois dias, supostamente por fuzileiros navais americanos que ocupam a maior cidade do norte do Iraque.
O conflito de ontem ocorreu quando a polícia local iraquiana tentou impedir um saque a uma agência bancária na praça do Governo, mesma área do enfrentamento de anteontem.
Segundo testemunhas, os policiais iraquianos chegaram atirando para o alto, para dispersar os saqueadores. Nesse momento, soldados americanos que protegiam o prédio vizinho, do governo de Mossul, dispararam para o interior da agência bancária. "Os americanos pensaram que nós estávamos atirando neles e, por isso, dispararam contra nós", declarou Amar Ghanem Abdullah, 25, um dos policiais feridos no incidente.
Um fuzileiro naval americano no local, que se identificou apenas como sargento Chat, negou que os marines tenham atirado em direção à agência bancária.
Anteontem, marines dispararam contra cerca de 3.000 pessoas que contestavam o discurso pró-EUA do novo governante da cidade, Mushan al Jaburi. Testemunhas relataram que franco-atiradores que estavam na platéia atiraram contra os soldados.
O comando das operações da coalizão só ontem reconheceu a morte de iraquianos durante o discurso de Al Jaburi. Segundo o general Vincent Brooks, um dos porta-vozes dos EUA, sete iraquianos foram mortos na reação dos marines. Ele não falou sobre feridos. Brooks declarou que alguns manifestantes mais exaltados tentaram escalar o prédio do governo para chegar à varanda onde estava Al Jaburi, em um "ataque coordenado".
O porta-voz norte-americano disse não ter conhecimento sobre o incidente de ontem.
Administradores dos dois principais hospitais de Mossul declararam que 14 pessoas morreram anteontem e mais de cem ficaram feridas. Ontem, além dos três mortos, 17 pessoas ficaram feridas no tiroteio.
Seis dos feridos na agência bancária disseram à Associated Press que foram atingidos por disparos de americanos. Mozafar Ahmad, 14, com ferimentos de bala em um braço e em um joelho, afirmou que estava dentro de um ônibus que passava em frente ao banco quando foi alvejado.
"Eles estão nos matando, e ninguém fala sobre isso", desabafou Zahra Yassin, cujo filho foi ferido no incidente. "Queremos Saddam de volta. Ao menos havia segurança", completou.

Zonas militares
Para tentar evitar conflitos como os de Mossul e aumentar a segurança no Iraque, as forças ocupantes dividiram o país em três zonas militares: o norte do país, incluindo a área de predominância curda, a região central, com Bagdá, e o sul iraquiano.
Ao anunciar essa divisão, o general norte-americano Stanley McChrystal disse ainda não saber quantos soldados serão necessários para garantir a reconstrução do Iraque pós-Saddam Hussein.
McChrystal, um dos porta-vozes do Pentágono, disse ainda que o comando das forças da coalizão deve ser transferido, no futuro próximo, do Kuait para o Iraque, possivelmente para Bagdá.


Com agências internacionais


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