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João 19 pagou para se tornar papa
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma das pechas sobre alguns
conclaves teve a cor e o cheiro do
dinheiro. Thomas J. Reed, padre
jesuíta e vaticanista, em "O Vaticano por Dentro" (Edusc, 1998),
refere-se às verbas à disposição de
alguns cardeais, quando os Estados Papais tinham um amplo território, regulavam a urbanização,
registravam terras e cobravam
profanamente impostos.
Em outras palavras, alguns candidatos ao papado prometiam
vantagens materiais aos que votassem nele durante o conclave.
As leis canônicas se opõem
frontalmente a essa prática, chamada de simonia ("tráfico de coisas sagradas ou espirituais, tais
como sacramentos, dignidades e
benefícios eclesiásticos"). Júlio 2º
(1503-1513), mais conhecido por
ter encomendado a Michelângelo
os afrescos da capela Sistina, decretou inválidos os conclaves influenciados pela compra de votos.
Tal determinação foi reiterada
por Paulo 4º, em 1588. A invalidação não chegou a ser aplicada.
Mas o próprio Júlio 2º, em razão
de gastos com a defesa dos Estados Papais e das despesas para a
construção do Vaticano, aparece
na história eclesiástica como um
dos papas que venderam chapéus
cardinalícios. Alguns de seus cardeais compraram o cargo, a
exemplo do que ocorria com empregos públicos em parte na Europa até o século 18.
Há nas leis eclesiásticas 11 dispositivos de prevenção à simonia.
A preocupação indica que algo sério ocorreu. E por longo tempo.
Há poucos casos explícitos, como o de João 19 (1024-1032), político e afortunado romano que
substituiu no papado seu irmão,
Benedito 8º. Para tanto, em poucas horas se tornou padre e foi nomeado bispo. O conclave que o
elegeu é considerado como exemplo de venalidade.
(JBN)
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