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Honório 2º obteve trono no grito
DA REPORTAGEM LOCAL
Os primeiros 13 séculos de cristianismo registram conclaves
marcados por muito sangue e violência. Os bispos representavam
facções externas à escolha de um
novo papa. Sem margem para negociação, partiam para uma solução de força.
Há pelo menos dois exemplos.
Dâmaso 1º (366-383), que depois seria canonizado, foi eleito
num conclave em que seu nome
foi rejeitado pelos partidários do
papa anterior, Libério. O papa
eleito e o anterior tinham partidários inflamados. Centenas de romanos foram trucidados.
Em meio ao processo sucessório os liberistas elegeram um antipapa, Ursino, que se tornaria suspeito de arianismo (que negava a
divindade de Jesus), uma das heresias reprimidas pelo papado naquele período do cristianismo.
O pontificado foi marcado por
um jogo duro dos adversários de
Dâmaso 1º, que o acusaram de
práticas sexuais. Dois tribunais o
absolveram, e ele excomungou
seus inimigos e detratores.
O segundo exemplo ocorreu alguns séculos depois. O cardeal
Lamberto Scannabecchi foi escolhido em 1124 num movimentado
conclave, do qual saiu como o papa Honório 2º.
Mas antes disso um outro papa
fora eleito pelo mesmo grupo de
cardeais: Teobaldo Boccadipecora, autodesignado Celestino 2º,
apoiado pelo clã feudal dos Leoni.
Durante o Te Deum pelo novo
papa o chefe do clã rival, Roberto
Frangipani, irrompeu no local,
desqualificou Teobaldo aos berros e exigiu que Scannabecchi recebesse a tiara papal.
Temendo uma cisão, os bispos
se curvaram à "sugestão". Honório 2º consultou os cardeais sobre
a legitimidade do novo resultado
do conclave. Seu pontificado durou seis anos.
(JBN)
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