São Paulo, domingo, 17 de abril de 2005

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Honório 2º obteve trono no grito

DA REPORTAGEM LOCAL

Os primeiros 13 séculos de cristianismo registram conclaves marcados por muito sangue e violência. Os bispos representavam facções externas à escolha de um novo papa. Sem margem para negociação, partiam para uma solução de força.
Há pelo menos dois exemplos.
Dâmaso 1º (366-383), que depois seria canonizado, foi eleito num conclave em que seu nome foi rejeitado pelos partidários do papa anterior, Libério. O papa eleito e o anterior tinham partidários inflamados. Centenas de romanos foram trucidados.
Em meio ao processo sucessório os liberistas elegeram um antipapa, Ursino, que se tornaria suspeito de arianismo (que negava a divindade de Jesus), uma das heresias reprimidas pelo papado naquele período do cristianismo.
O pontificado foi marcado por um jogo duro dos adversários de Dâmaso 1º, que o acusaram de práticas sexuais. Dois tribunais o absolveram, e ele excomungou seus inimigos e detratores.
O segundo exemplo ocorreu alguns séculos depois. O cardeal Lamberto Scannabecchi foi escolhido em 1124 num movimentado conclave, do qual saiu como o papa Honório 2º.
Mas antes disso um outro papa fora eleito pelo mesmo grupo de cardeais: Teobaldo Boccadipecora, autodesignado Celestino 2º, apoiado pelo clã feudal dos Leoni.
Durante o Te Deum pelo novo papa o chefe do clã rival, Roberto Frangipani, irrompeu no local, desqualificou Teobaldo aos berros e exigiu que Scannabecchi recebesse a tiara papal.
Temendo uma cisão, os bispos se curvaram à "sugestão". Honório 2º consultou os cardeais sobre a legitimidade do novo resultado do conclave. Seu pontificado durou seis anos.
(JBN)

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