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AMÉRICA LATINA
Presidente demite Corte Suprema, que se aliara à oposição, e chegou a decretar emergência por algumas horas
Equador mergulha em nova crise política
DA REDAÇÃO
O Equador mergulhou anteontem à noite em nova crise política
depois que o presidente Lúcio
Gutierrez anunciou a dissolução
da Corte Suprema e a instituição
do estado de emergência em Quito e regiões vizinhas. Ontem à
noite Gutierrez suspendeu o estado de emergência, afirmando que
a medida havia sido tomada para
dissolver a Corte Suprema e que o
objetivo havia sido cumprido.
Gutierrez afirmou que a normalidade está voltando ao país e pediu que o Congresso discuta o
mais rápido possível o projeto de
lei que permite a reorganização
da Corte Suprema.
A oposição desafiou a proibição
de manifestações em vigor na sexta-feira e protestou de madrugada
com 10 mil pessoas nas ruas da capital, aos gritos de "fora Lúcio". A
polícia não as reprimiu. Milhares
de oposicionistas fizeram ontem
novos protestos na cidade.
O presidente do Congresso,
Omar Quintana, anunciou ter
convocado para a tarde de hoje
uma sessão extraordinária para
analisar a dissolução da Corte Suprema, a designação de uma nova
e o tratamento do projeto de lei
proposto pelo governo que permite a sua reorganização.
"Gutierrez está nos levando a
uma ditadura. Vamos barrar esse
processo por meio de nosso apoio
às manifestações", declarou Xavier Sandoval, deputado do Partido Social Cristão, o de maior bancada no Congresso unicameral.
A crise é política e econômica.
Em termos políticos, o país vem
de um longo período de instabilidade, que levou ao afastamento
de dois presidentes desde 1997.
A atual instabilidade começou
em novembro, quando os ministros da Corte Suprema anterior se
aliaram à oposição no Congresso
na tramitação de um processo de
impeachment, finalmente arquivado, contra o presidente.
Em resposta, Gutierrez assegurou o apoio de 52 dos 100 deputados do Congresso e votou em dezembro a destituição dos integrantes do Supremo. Gutierrez,
ex-coronel do Exército eleito eleito em 2002, conseguiu, ainda, a
suspensão das acusações de corrupção contra o ex-presidente
Abdala Bucaram, cujo partido integra a base de sustentação do governo. Bucaram, exilado havia oito anos no Panamá, voltou ao país
e forçou sua bancada a bloquear o
projeto de impeachment que tramitava contra o presidente.
Gutierrez abandonou suas propostas de redistribuição de renda
e de barateamento dos gêneros de
primeira necessidade. Adotou
políticas recomendadas pelo FMI
(Fundo Monetário Internacional)
que descontentaram empresários
e sindicatos. Programas sociais
sofreram cortes orçamentários e o
preço dos alimentos subiu mais
rápido que os reajustes salariais.
Em seu pronunciamento na TV
na sexta-feira, Gutierrez acusou a
Corte Suprema -com membros
indicados por seus aliados em dezembro- de "parcial" e afirmou
que seus integrantes estavam demitidos, dizendo que a decisão
era constitucional. Gutierrez apareceu rodeado por membros do
alto comando das Forças Armadas, uma maneira de indicar que
o apoio militar se tornara mais
importante que o apoio da sociedade ou dos partidos políticos.
Ele disse "ter sido forçado" à decisão porque o Congresso não
deu uma solução definitiva para a
composição da Corte Suprema,
"o que está gerando uma comoção nacional". O alto comando
militar convocou emissoras de
TV a dar seu apoio implícito a Gutierrez.
Com agências internacionais
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