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Lula vê interesse cubano em diálogo e sugere a Obama que indique mediador
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A PORT OF SPAIN*
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu ontem a Barack Obama a criação da figura
de "enviado especial", nos moldes do que o novo governo dos
EUA adotou para o Oriente
Médio, para lidar com a questão cubana, o centro de uma
conversa telefônica de 15 minutos iniciada pelo brasileiro.
Obama não respondeu à proposta, mas o telefonema foi
descrito como "caloroso" pelo
lado brasileiro.
Lula afirmou que a liberação
de viagens e remessas de cubano-americanos para Cuba
eram um primeiro passo positivo, mas que tanto Cuba como o
Brasil esperavam providências
"mais consistentes".
Foi aí que introduziu a sugestão do "enviado especial", na
verdade um mediador entre as
partes. O presidente brasileiro
disse também que outra providência muito aguardada pelas
autoridades cubanas é a liberação de viagens também para os
norte-americanos em geral.
Obama insistiu na posição de
condicionar concessões a Cuba
ao respeito aos direitos humanos e a volta à democracia.
Para o governo brasileiro, o
"enviado especial" seria o canal
para negociar as condicionalidades, sem pressão pública.
Os dois presidentes não tiveram tempo de discutir como
Cuba entrará nos debates da
Cúpula das Américas.
Mas a expectativa brasileira é
a de que Raúl Castro, o presidente cubano, convença os
mais estridentes apoiadores de
Cuba, liderados por Hugo Chávez, a não fazer ruído em torno
de Cuba na cúpula.
A razão é simples: Cuba tem
interesse em normalizar suas
relações com os EUA, interesse
que foi transmitido a autoridades brasileiras. Qualquer pressão ou incidente em um encontro com Obama só enfraquecerá a posição do americano.
Crise econômica
Lula e Obama também conversaram sobre a crise econômica. O presidente brasileiro
insistiu em que é necessário
que sejam implementadas as
decisões tomadas na cúpula do
G20 em Londres, especialmente no que diz respeito ao financiamento do comércio e o restabelecimento da liquidez. A
crise aparece de maneira levíssima no texto final da cúpula.
Em entrevista depois do telefonema, Lula afirmou que pediu a Obama uma mudança de
visão dos EUA em relação à
América Latina. "Não temos
mais Guerra Fria, não temos
mais luta armada", disse.
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