São Paulo, sexta-feira, 17 de abril de 2009

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Lula vê interesse cubano em diálogo e sugere a Obama que indique mediador

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A PORT OF SPAIN*

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu ontem a Barack Obama a criação da figura de "enviado especial", nos moldes do que o novo governo dos EUA adotou para o Oriente Médio, para lidar com a questão cubana, o centro de uma conversa telefônica de 15 minutos iniciada pelo brasileiro.
Obama não respondeu à proposta, mas o telefonema foi descrito como "caloroso" pelo lado brasileiro.
Lula afirmou que a liberação de viagens e remessas de cubano-americanos para Cuba eram um primeiro passo positivo, mas que tanto Cuba como o Brasil esperavam providências "mais consistentes".
Foi aí que introduziu a sugestão do "enviado especial", na verdade um mediador entre as partes. O presidente brasileiro disse também que outra providência muito aguardada pelas autoridades cubanas é a liberação de viagens também para os norte-americanos em geral.
Obama insistiu na posição de condicionar concessões a Cuba ao respeito aos direitos humanos e a volta à democracia.
Para o governo brasileiro, o "enviado especial" seria o canal para negociar as condicionalidades, sem pressão pública.
Os dois presidentes não tiveram tempo de discutir como Cuba entrará nos debates da Cúpula das Américas.
Mas a expectativa brasileira é a de que Raúl Castro, o presidente cubano, convença os mais estridentes apoiadores de Cuba, liderados por Hugo Chávez, a não fazer ruído em torno de Cuba na cúpula.
A razão é simples: Cuba tem interesse em normalizar suas relações com os EUA, interesse que foi transmitido a autoridades brasileiras. Qualquer pressão ou incidente em um encontro com Obama só enfraquecerá a posição do americano.

Crise econômica
Lula e Obama também conversaram sobre a crise econômica. O presidente brasileiro insistiu em que é necessário que sejam implementadas as decisões tomadas na cúpula do G20 em Londres, especialmente no que diz respeito ao financiamento do comércio e o restabelecimento da liquidez. A crise aparece de maneira levíssima no texto final da cúpula.
Em entrevista depois do telefonema, Lula afirmou que pediu a Obama uma mudança de visão dos EUA em relação à América Latina. "Não temos mais Guerra Fria, não temos mais luta armada", disse.


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