São Paulo, segunda-feira, 17 de maio de 2010

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Em "presente ao Brasil", Ahmadinejad manda soltar francesa

DOS ENVIADOS A TEERÃ

A professsora universitária francesa Clotilde Reiss chegou ontem a Paris, depois de ficar dez meses detida no Irã sob a acusação de espionagem. A libertação foi negociada com a ajuda do Brasil, a quem o presidente da França, Nicolas Sarkozy, agradeceu.
O retorno da professora à França concluiu um período de tensão extra entre Paris e Teerã, desde a prisão de Reiss após as manifestações contra o resultado das eleições iranianas, em junho de 2009.
Sarkozy agradeceu aos presidentes do Brasil, do Senegal e da Síria pelo papel desempenhado nas negociações com o governo iraniano para a libertação. "Clotilde Reiss estava detida injustamente no Irã desde 2009", disse o presidente francês em um comunicado.
Envolvido na tentativa de destravar o impasse nuclear em meio à visita do presidente Lula ao Irã, o governo brasileiro comemorou a notícia.
Segundo o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse ao colega brasileiro que a decisão de libertar Reiss "foi um presente para o Brasil".
Garcia disse que a libertação da professora francesa foi resultado de meses de "diplomacia silenciosa" do Brasil.
Retornando de um dia inteiro de negociações, o chanceler Celso Amorim não escondia sua satisfação. "É uma bela coincidência", comentou o chanceler, associando a libertação de Reiss à obtenção de um acordo com o governo iraniano.
O embaixador do Brasil no Irã, Antônio Salgado, disse que a própria Clotilde Reiss enviou uma mensagem de agradecimento ao Brasil pelos esforços.
Reiss havia ido ao Irã para trabalhar como professora de francês na universidade de Isfahan, leste de Teerã. Quando estava prestes a retornar a seu país, no começo de julho de 2009, foi presa por ter participado dos protestos contra a suposta fraude no pleito que reelegeu o ultraconservador Ahmadinejad para um segundo mandato como presidente.
Sarkozy encontrou-se com a professora logo após seu desembarque em Paris, onde ela chegou em avião do governo francês que foi buscá-la em Dubai. Reiss foi perdoada das duas penas de cinco anos de prisão a que havia sido condenada, comutadas por fiança de US$ 285 mil (cerca de R$ 510 mil).
Clotilde Reiss foi detida após ter transmitido à embaixada francesa fotos das manifestações antigovernamentais em Isfahan, em junho de 2009.
Embora o Brasil tenha celebrado a libertação de Reiss, a repressão do governo iraniano à oposição e os abusos de direitos humanos no país não foram mencionados por Lula nos encontros em Teerã.
Há poucos dias, cinco jovens foram enforcados numa prisão perto da capital iraniana, acusados de terrorismo. Grupos de direitos humanos acusaram o governo de acelerar a condenação dos jovens para intimidar a oposição. (MN e SA)


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