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Em "presente ao Brasil", Ahmadinejad manda soltar francesa
DOS ENVIADOS A TEERÃ
A professsora universitária
francesa Clotilde Reiss chegou
ontem a Paris, depois de ficar
dez meses detida no Irã sob a
acusação de espionagem. A libertação foi negociada com a
ajuda do Brasil, a quem o presidente da França, Nicolas Sarkozy, agradeceu.
O retorno da professora à
França concluiu um período de
tensão extra entre Paris e Teerã, desde a prisão de Reiss após
as manifestações contra o resultado das eleições iranianas,
em junho de 2009.
Sarkozy agradeceu aos presidentes do Brasil, do Senegal e
da Síria pelo papel desempenhado nas negociações com o
governo iraniano para a libertação. "Clotilde Reiss estava detida injustamente no Irã desde
2009", disse o presidente francês em um comunicado.
Envolvido na tentativa de
destravar o impasse nuclear em
meio à visita do presidente Lula
ao Irã, o governo brasileiro comemorou a notícia.
Segundo o assessor especial
da Presidência, Marco Aurélio
Garcia, o presidente iraniano,
Mahmoud Ahmadinejad, disse
ao colega brasileiro que a decisão de libertar Reiss "foi um
presente para o Brasil".
Garcia disse que a libertação
da professora francesa foi resultado de meses de "diplomacia silenciosa" do Brasil.
Retornando de um dia inteiro de negociações, o chanceler
Celso Amorim não escondia
sua satisfação. "É uma bela
coincidência", comentou o
chanceler, associando a libertação de Reiss à obtenção de um
acordo com o governo iraniano.
O embaixador do Brasil no
Irã, Antônio Salgado, disse que
a própria Clotilde Reiss enviou
uma mensagem de agradecimento ao Brasil pelos esforços.
Reiss havia ido ao Irã para
trabalhar como professora de
francês na universidade de Isfahan, leste de Teerã. Quando
estava prestes a retornar a seu
país, no começo de julho de
2009, foi presa por ter participado dos protestos contra a suposta fraude no pleito que reelegeu o ultraconservador Ahmadinejad para um segundo
mandato como presidente.
Sarkozy encontrou-se com a
professora logo após seu desembarque em Paris, onde ela
chegou em avião do governo
francês que foi buscá-la em Dubai. Reiss foi perdoada das duas
penas de cinco anos de prisão a
que havia sido condenada, comutadas por fiança de US$ 285
mil (cerca de R$ 510 mil).
Clotilde Reiss foi detida após
ter transmitido à embaixada
francesa fotos das manifestações antigovernamentais em
Isfahan, em junho de 2009.
Embora o Brasil tenha celebrado a libertação de Reiss, a
repressão do governo iraniano
à oposição e os abusos de direitos humanos no país não foram
mencionados por Lula nos encontros em Teerã.
Há poucos dias, cinco jovens
foram enforcados numa prisão
perto da capital iraniana, acusados de terrorismo. Grupos de
direitos humanos acusaram o
governo de acelerar a condenação dos jovens para intimidar a
oposição.
(MN e SA)
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