São Paulo, segunda-feira, 17 de maio de 2010

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Governo tailandês rejeita mediação da ONU

Bancoc refuta novas negociações com os "camisas vermelhas", há dois meses acampados em protesto contra o premiê

Confrontos entre forças de segurança e manifestantes já deixaram ao menos 59 mortos desde março -30 deles nos últimos 4 dias

DA REDAÇÃO

O governo tailandês disse ontem que continuará reprimindo manifestantes antigoverno acampados na capital, Bancoc, e descartou intermediação internacional para encerrar a crise que já dura dois meses.
Uma pausa na ação do Exército é desnecessária porque as tropas não usam "armas para reprimir civis", disse o porta-voz do governo, Panitan Wattanayagorn. Segundo ele, os alvos são "terroristas" que estão entre os manifestantes.
A afirmação diminuiu esperanças de uma solução rápida para o pior episódio de violência política no país em décadas.
Ao menos 59 pessoas morreram e mais de 1.600 ficaram feridas desde que os "camisas vermelhas" chegaram a Bancoc, em 12 de março.
Eles ocupam uma área de três quilômetros quadrados no principal distrito financeiro da capital, cercado de hotéis de luxo e shopping centers.
Formados principalmente por tailandeses das pobres regiões rurais do norte do país, os "camisas vermelhas" querem a renúncia do premiê Abhisit Vejjajiva, a dissolução do Parlamento e novas eleições.
Um acordo parecia próximo há duas semanas, quando Abhisit disse que haveria eleições em novembro, um ano antes do previsto. Mas os manifestantes fizeram novas demandas, e a proposta foi retirada.
Os manifestantes usam bombas caseiras e pedras -e, em alguns casos, armas-, para atacar os soldados que os cercaram e que respondem com balas de borracha e munição real.
Por conta do cerco, já começa a faltar água e comida aos manifestantes -que eram 10 mil até quinta-feira, número que caiu para cerca de 5.000.

ONU
Ontem, Nattawut Saikua, um dos líderes dos "camisas vermelhas", disse estar disposto a negociar. "O que é urgente é parar as mortes. Demandas políticas podem esperar."
Ele sugeriu que a ONU sirva de mediadora nas conversas, porque "não vemos nenhuma organização neutra ou justa".
"Se eles realmente querem conversar, não devem impor condições como nos pedir para retirar as tropas", disse, em resposta, Korbsak Sabhavasu, secretário-geral do premiê.
Os confrontos intensificaram-se na última quinta-feira, quando o ex-general do Exército Khattiya Sawasdiphol, acusado de criar um grupo paramilitar para os "camisas vermelhas", foi baleado na cabeça. Segundo médicos, sua condição de saúde piorou ontem.
Desde então, ao menos 30 pessoas morreram, e 232 ficaram feridas em choques.
Ontem, o governo estendeu o estado de emergência para mais cinco regiões do país. Agora, são 22 as Províncias onde estão proibidas reuniões de mais de cinco pessoas e onde o Exército tem mais poderes para lidar com manifestantes.


Com agências internacionais


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