São Paulo, quinta-feira, 17 de junho de 2010

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Chávez ameaça tomar ações de emissora

DE CARACAS

Autoridades venezuelanas anunciaram ontem intervenção em três empresas financeiras ligadas ao Banco Federal, sob intervenção desde segunda e cujo presidente, Nelson Mezerhane, também é um dos maiores acionistas do canal de TV Globovisión.
Em cadeia de rádio e TV, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, sugeriu que as investigações do problema financeiro do banco podem levar o governo a reivindicar as ações de Mezerhane na emissora de TV.
Disse ainda que Guillermo Zuloaga, presidente da Globovisión e foragido -é acusado de "usura genérica" e formação de quadrilha-, "terá que aparecer para que a gente se entenda sobre esse canal".
Já Mezerhane diz que a ação do governo visa atacar a emissora, de aberta oposição a Chávez. Diz também que seu banco foi alvo de um ataque especulativo provocado pelo próprio Chávez, que ameaçou tomar o controle da instituição em dezembro.
Uma equipe da TV venezuelana foi recebida ontem aos gritos por correntistas na sede do banco, em Caracas. Os clientes -são quase 300 mil- diziam, na transmissão ao vivo, que Chávez era o culpado pela situação, que sua motivação é política.
A intervenção no Banco Federal causa ainda mais nervosismo porque é "a portas fechadas". A instituição ficará fechada por 60 dias até que se decida se ele será liquidado ou incorporado à banca pública.
Para acalmar os correntistas, o governo anunciou ontem que começará a entregar, na próxima semana, os depósitos dos clientes por meios dos bancos públicos. Mais de 90% deles têm depósitos de menos de US$ 7.000 dólares, teto garantido pelo Fundo de Garantia de Depósitos e Proteção Bancária.
Economistas e analistas de mercado não descartam o viés político da ação. Dizem, porém, que os números do Federal demonstravam debilidade que punha em risco os correntistas e o sistema.
"Do ponto de vista estritamente financeiro, o banco tinha uma posição frágil. O lucro caiu mais de 80% no último ano", disse à Folha Aristimuño Herrera, diretor da consultoria de mesmo nome.
O governo venezuelano controla 26% do sistema bancário, mas os analistas não consideram que esteja iminente uma nova investida para avançar no setor. (FM)


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