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Chávez ameaça tomar ações de emissora
DE CARACAS
Autoridades venezuelanas
anunciaram ontem intervenção em três empresas financeiras ligadas ao Banco Federal, sob intervenção desde
segunda e cujo presidente,
Nelson Mezerhane, também
é um dos maiores acionistas
do canal de TV Globovisión.
Em cadeia de rádio e TV, o
presidente venezuelano, Hugo Chávez, sugeriu que as investigações do problema financeiro do banco podem levar o governo a reivindicar as
ações de Mezerhane na emissora de TV.
Disse ainda que Guillermo
Zuloaga, presidente da Globovisión e foragido -é acusado de "usura genérica" e
formação de quadrilha-,
"terá que aparecer para que a
gente se entenda sobre esse
canal".
Já Mezerhane diz que a
ação do governo visa atacar a
emissora, de aberta oposição
a Chávez. Diz também que
seu banco foi alvo de um ataque especulativo provocado
pelo próprio Chávez, que
ameaçou tomar o controle da
instituição em dezembro.
Uma equipe da TV venezuelana foi recebida ontem
aos gritos por correntistas na
sede do banco, em Caracas.
Os clientes -são quase 300
mil- diziam, na transmissão
ao vivo, que Chávez era o culpado pela situação, que sua
motivação é política.
A intervenção no Banco
Federal causa ainda mais
nervosismo porque é "a portas fechadas". A instituição
ficará fechada por 60 dias até
que se decida se ele será liquidado ou incorporado à
banca pública.
Para acalmar os correntistas, o governo anunciou ontem que começará a entregar, na próxima semana, os
depósitos dos clientes por
meios dos bancos públicos.
Mais de 90% deles têm depósitos de menos de US$ 7.000
dólares, teto garantido pelo
Fundo de Garantia de Depósitos e Proteção Bancária.
Economistas e analistas de
mercado não descartam o
viés político da ação. Dizem,
porém, que os números do
Federal demonstravam debilidade que punha em risco os
correntistas e o sistema.
"Do ponto de vista estritamente financeiro, o banco tinha uma posição frágil. O lucro caiu mais de 80% no último ano", disse à Folha Aristimuño Herrera, diretor da
consultoria de mesmo nome.
O governo venezuelano
controla 26% do sistema
bancário, mas os analistas
não consideram que esteja
iminente uma nova investida
para avançar no setor.
(FM)
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