São Paulo, sábado, 17 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ORIENTE MÉDIO

Arafat acata exigência de seqüestradores e destitui chefe da polícia de Gaza; 2 responsáveis pela segurança demitem-se

Onda de seqüestros abala Autoridade Nacional Palestina

DA REDAÇÃO

Uma onda de seqüestros ocorreu ontem na faixa de Gaza. No caso mais importante, homens armados palestinos seqüestraram o chefe da polícia da faixa de Gaza, Ghazi al Jabali, numa emboscada realizada numa estrada e o mantiveram preso -por três horas- até que o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, concordou em acatar suas exigências, de acordo com um funcionário graduado da ANP.
Os seqüestros levaram as autoridades palestinas a decretar estado de emergência na faixa de Gaza e provocaram a queda de dois responsáveis pela segurança nos territórios ocupados, segundo autoridades palestinas. O general Amin al Hindi, que chefiava o serviço de inteligência palestino, e Rashid Abu Shbak, que comandava o Departamento da Segurança Preventiva da faixa de Gaza, pediram demissão, argumentando que a situação de segurança na faixa de Gaza está fora de controle. Todos os pedidos de férias dos funcionários da segurança palestina foram revogados.
Um grupo obscuro chamado Brigadas dos Mártires de Jenin assumiu a responsabilidade pelo seqüestro de Al Jabali, um dos mais ousados desafios à autoridade de Arafat por parte de palestinos que buscam reformas governamentais e do aparato de segurança.
Arafat, ainda segundo o funcionário da ANP, concordou em tirar Al Jabali de suas funções e em que ele seja julgado por supostos casos de corrupção, conforme exigiam os seqüestradores.
O líder palestino chegou a enviar representantes do governo para negociar com o grupo no campo de refugiados de El Bureij, ao sul da Cidade de Gaza.
Segundo relatos da imprensa palestina, Arafat resolveu acatar as exigências depois que seus representantes escutaram uma confissão gravada de Al Jabali. Este teria dito que se apropriara ilegalmente de US$ 8 milhões e que estuprara várias mulheres.
Após ser solto, Al Jabali foi levado para uma delegacia na Cidade de Gaza. Não ficou claro se ele fora preso ou detido para interrogatório. Dois guarda-costas de Al Jabali ficaram feridos na emboscada, que membros das forças de segurança palestinas classificaram de uma "rajada de balas provenientes de mais de dez armas".
"Demos três anos à ANP para que ela realize as reformas. Esperamos muito tempo, mas as autoridades não fizeram nada. Agora faremos as coisas do nosso jeito", afirmou Abi Iyad, porta-voz das Brigadas dos Mártires de Jenin, à rede de TV Al Jazira (de Qatar).
Poucas horas depois, outro alto funcionário da ANP foi seqüestrado. O alvo foi o coronel Khaled Abu Aloula, um membro das forças de segurança pública, corpo paramilitar responsável pela segurança na faixa de Gaza.
Fontes ligadas às forças de segurança palestinas disseram que, no caso de Aloula, os seqüestradores foram, no passado, policiais e são, atualmente, membros das Brigadas do Mártir Abu Rish. Estas são ligadas ao Fatah, de Arafat, e atuam no sul da faixa de Gaza.
As mesmas fontes disseram que os captores de Aloula, chefe do Escritório de Ligação Israelo-Palestino, o acusam de corrupção.

Franceses
Cinco franceses, supostamente funcionários de uma agência humanitária, também foram seqüestrados por homens armados na faixa de Gaza, segundo a polícia palestina, no que constituiu o terceiro caso do gênero em menos de dez horas. Todos foram libertados mais tarde. Eles teriam sido seqüestrados quando estavam num bar em Khan Younis (sul) e levados a um prédio do Crescente Vermelho por homens armados.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Tragédia: Fogo em escola na Índia mata 84 crianças
Próximo Texto: Iraque sob tutela: EUA mudam política de presos no exterior
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.