São Paulo, sábado, 17 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

IRAQUE SOB TUTELA

Tortura é causa

EUA mudam política de presos no exterior

DA REDAÇÃO

O escândalo da tortura de presos iraquianos por soldados dos EUA, que estourou em abril, levou o Pentágono a anunciar, ontem, mudanças em sua política para prisioneiros no exterior.
Visando evitar problemas como o ocorrido em Bagdá, que pôs em xeque a credibilidade americana ante a comunidade internacional, o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, ordenou a criação de uma agência para supervisionar as operações americanas que envolvem prisioneiros. Também foi determinado que todos os relatórios do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) sobre essas operações sejam entregues à cúpula do Pentágono, não aos comandantes de campo.
O governo americano passou a rever vários de seus procedimentos em relação a prisioneiros depois que o escândalo dos abusos praticados na prisão iraquiana de Abu Ghraib veio à tona, no final de abril. Desde então, a imprensa divulgou centenas de fotos tiradas pelos próprios militares envolvidos, datadas de outubro e novembro do ano passado, nas quais eles aparecem intimidando, humilhando sexualmente, espancando e maltratando prisioneiros.
O chefe do recém-criado Escritório dos Assuntos sobre Prisioneiros ainda não foi nomeado. A agência responderá ao subsecretário da Defesa para Políticas, Douglas Feith, o terceiro homem na hierarquia do Pentágono. Entre suas responsabilidades está o desenvolvimento de estratégias e políticas para lidar com prisioneiros estrangeiros.

Retirada filipina
Além dos danos à sua imagem, Washington enfrenta a possibilidade de esfacelamento da coalizão, abalada por ataques da insurgência. Apesar da restituição oficial da soberania iraquiana, segue no país uma Força Multinacional de 160 mil homens liderada pelos EUA, que têm 138 mil soldados.
Sob protestos da Casa Branca, o governo das Filipinas retirou mais 11 dos 43 soldados que ainda mantinha no país, inclusive o comandante da tropa, conforme exigiram os seqüestradores do caminhoneiro filipino Angelo de la Cruz. Oito de seus militares já haviam deixado o Iraque nesta semana, e a retirada segue -mas De la Cruz não havia sido solto até a noite de ontem.
Também seguem desaparecidos um caminhoneiro búlgaro e um egípcio. O governo da Bulgária reiterou que não retirará seus 480 militares do país -outro búlgaro fora morto pelos captores. Já a empresa saudita que emprega Mohammed Gharabawi anunciou que encerrou a operação no Iraque, mas ignora seu paradeiro.
Por sua vez, o Congresso de El Salvador aprovou o prolongamento da estada de seus 380 soldados. Já a Tailândia iniciou a retirada de seus 450 militares, que segue até 20 de setembro, fim do prazo aprovado para a missão.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Oriente Médio: Onda de seqüestros abala Autoridade Nacional Palestina
Próximo Texto: Multimídia: Pedimos desculpas por erro sobre armas de Saddam
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.