São Paulo, sábado, 17 de julho de 2004

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EUA

Pesquisa da Universidade Harvard também aponta que violência em desenhos animados é maior que em filmes infantis

Estudo diz que cinema está mais violento

VITOR PAOLOZZI
DA REDAÇÃO

O cinema americano está mais violento e apresenta mais cenas com linguagem obscena e conteúdo sexual do que em 1992. Essa é a conclusão de um estudo divulgado nesta semana por duas pesquisadoras da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard.
"Violência, Sexo e Linguagem Obscena nos Filmes: a Correlação das Classificações de Filmes com o Conteúdo", de Kimberly Thompson e Fumie Yokota, ainda critica o sistema de classificação etária empregado pela Motion Picture Association of America (MPAA). Diferentemente do que acontece no Brasil, nos EUA a censura dos filmes é feita de forma voluntária pela própria indústria cinematográfica.
A pesquisa analisou a classificação de 1.269 filmes feitas pela MPAA entre 1992 e 2003 e concluiu que, ao longo desses 11 anos, os padrões foram afrouxados. Há hoje muito mais violência e sexo em filmes classificados nas categorias PG, PG-13 e R (respectivamente: companhia dos pais sugerida; presença dos pais recomendada junto a menores de 13 anos; admissão de menores de 17 anos somente com a companhia paterna ou do responsável).
Entre as conclusões da pesquisa também está a de que os desenhos animados -como "Aladim", "Tom e Jerry", "Procurando Nemo" e "Pokémon"- são mais violentos que os filmes classificados como próprios para crianças -como "Babe, o Porquinho Atrapalhado" e "Os Muppets na Ilha do Tesouro".
"Pesquisadores deveriam (...) expandir os limitados estudos existentes sobre a capacidade de as crianças distinguirem a realidade da fantasia, reconhecendo que a compreensão de que algo não é real não necessariamente neutraliza efeitos", sustenta o trabalho.
Além disso, o estudo afirma que, na média, os filmes que receberam classificações PG-13 e R por conter alguma violência têm bilheteria maior do que aqueles não violentos.
As pesquisadoras também afirmam que as classificações são inconsistentes e variam muito de filme para filme. "A MPAA deveria desenvolver critérios mais claros para o conteúdo e comunicá-los aos pais. Gostaria de ver a indústria criar um sistema de avaliação universal de mídia, que valesse para filmes, videogames e televisão", diz Kimberly Thompson.
O estudo propõe que a MPAA deveria examinar a possibilidade de incorporar a seus critérios de classificação a notificação da presença de fumo, álcool e drogas. Mencionando dados coletados em uma outra pesquisa, Thompson e Yokota afirmam que em apenas 5% dos filmes não aparecem ou não há referências a cigarros, álcool ou drogas.

"A sociedade mudou"
"Ao longo dos anos, a comissão tenta acompanhar o nível de aceitação nos EUA. A sociedade mudou nos últimos 11, 15 anos? A resposta é: claro que sim. Pesquisa recente mostra que 76% dos pais acham o sistema "muito útil" a "razoavelmente útil'", rebate Phuong Yokitis, diretora de relações públicas da MPAA.
Jon Lewis, professor da Universidade Oregon State e autor de vários livros sobre cinema, incluindo "Hollywood Vs. Hard Core: How the Struggle over Censorship Created the Modern Film Industry" (Hollywood contra o pornô: como a luta sobre a censura criou a moderna indústria do cinema), tem a mesma opinião.
"O sistema de classificação foi projetado em 1968 para ser flexível e responder às mudanças na cultura popular americana. Considerando tudo o que jovens de 13 anos ouvem na música pop e vêem na TV, o que é considerado adequado para adolescentes mudou nos últimos tempos e talvez as classificações tenham levado isso em conta", diz Lewis.


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