São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 2002

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ÁSIA

EUA fizeram alerta de ataque dias antes de explosão em Bali

Pressionada, Indonésia promete leis mais severas contra terror

DA REDAÇÃO

Criticada pelo Ocidente e por seus próprios vizinhos por não tomar atitudes mais enérgicas para combater o terrorismo, a Indonésia passou à ofensiva. Anunciou ontem a formação de uma equipe internacional para investigar o atentado em Bali, no sábado, e a adoção de novas leis antiterrorismo.
Cerca de 45 investigadores vindos dos EUA, do Reino Unido, da França, da Suécia e da Alemanha se juntarão à polícia indonésia.
Apenas uma semana antes do ataque a Bali, o embaixador dos EUA na Indonésia, Ralph Boyce, havia entregado um alerta às autoridades indonésias de que áreas turísticas no país poderiam ser alvo de atentados de terroristas ligados à Al Qaeda.
O chanceler indonésio, Hassan Wiryuda, afirmou que as leis antiterror em tramitação no Parlamento há meses podem ser adotadas por decreto presidencial.
Uma dessas medidas seria reconhecer como terroristas os grupos hoje classificados no país como extremistas.
O atentado de Bali atingiu uma discoteca muito frequentada por turistas e deixou mais de 180 mortos e cerca de 300 feridos. A lista oficial de mortos identificou até agora 11 australianos, 9 indonésios, 9 britânicos, 5 cingapurianos, 1 americano, 1 francês, 1 alemão, 1 holandês, 1 equatoriano, 1 neozelandês e 1 sul-coreano.
O restante dos corpos está carbonizado demais para a identificação visual. Os dois brasileiros que estão na lista de desaparecidos não haviam sido encontrados até a noite de ontem.
As autoridades indonésias disseram estar interrogando um guarda de segurança e o irmão de um homem cuja identidade foi achada no local da explosão.
O ministro da Segurança da Indonésia, Susilo Bambang Yudhyono, disse que Jacarta está fazendo sua parte e tomando medidas. O ministro, entretanto, negou que o grupo Jemaah Islamiyah -acusado pela Austrália de ter ligações com a Al Qaeda e de ser responsável pelo atentado- exista no país.
O clérigo muçulmano Abu Bakar Bashir, apontado como o líder do Jemaah Islamiyah, afirmou que as acusações contra ele são "invenções dos infiéis" e que "não há ligações da Al Qaeda com o atentado". Bashir chanceler australiano, Alexander Downer, que apresente logo as provas que tiver de seu envolvimento.
Downer disse porém que ainda não há "provas cabais de quem seja responsável [pelo atentado]". Seu país ofereceu cerca de US$ 1 milhão para quem der informações que levem aos terroristas.

Iêmen
O governo do Iêmen admitiu ontem que a explosão no petroleiro francês Limburg, no dia 6 de outubro, foi mesmo resultante de um atentado.
Segundo o ministro do Interior iemenita, Rashad al Alimi, "as investigações levam a crer que a explosão foi um ato premeditado com uma embarcação carregada de explosivos".
A Malásia prendeu cinco suspeitos de pertencer ao Jemmah Islamiyah. "Acreditamos que os presos estavam envolvidos -ou se envolveriam- em ações para atingir a paz e a segurança do país", disse o chefe da polícia malasiana, Norian Mai. Com os presos de ontem, já passam de 70 os detidos com base na Lei de Segurança Interna da Malásia, que permite a detenção de suspeitos sem mandado e sem acusação.
No Paquistão, quatro bombas de pequeno porte explodiram em intervalos de poucos minutos na cidade de Karachi, principal porto do Paquistão. Ao menos nove pessoas ficaram feridas nos atentado, mas não houve vítimas fatais. Os alvos das bombas foram uma delegacia de polícia e prédios de órgãos do governo.


Com agências internacionais



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