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Comunistas estão decepcionados com governo Lula
DO ENVIADO A HAVANA
Lula decepcionou ao não ajudar a criar um eixo latino-americano contra os EUA e ao não
patrocinar Cuba, diferentemente do que faz Hugo Chávez.
Essa é a opinião de alguns integrantes do PCC (Partido Comunista de Cuba) que conversaram com a Folha, sob condição de anonimato.
"Esperávamos muito mais de
Lula. Ele não se decidiu entre
ficar do nosso lado ou do lado
de Bush", diz um membro do
PCC. Outros dizem que esperavam que o Brasil fosse "uma
grande Venezuela". Com relações comerciais alcançando
US$ 3,2 bilhões, a Venezuela é
o maior parceiro de Cuba. O
balanço comercial entre Cuba
e Brasil é de US$ 210 milhões.
A cobertura da televisão estatal cubana sobre a cúpula sul-americana em Cochabamba
não deixa dúvidas sobre quem
é o líder da América Latina para o regime cubano: "Chávez,
uma vez mais, colocou as cartas
sobre a mesa" foi a principal
manchete do noticiário.
Brasileiros que moram na
ilha confirmam essa decepção
castrista com Lula e dizem que
o país "continua precisando de
padrinho".
Ainda assim, houve uma
aproximação do governo brasileiro com Cuba. "O presidente
Lula determinou que o intercâmbio comercial, econômico,
tecnológico e acadêmico fosse
incrementado", disse à Folha o
embaixador brasileiro Tilden
Santiago. "O intercâmbio comercial triplicou em quatro
anos", concluiu.
O BNDES concedeu crédito
de US$ 200 milhões para facilitar a importação de alimentos
brasileiros por Cuba.
Mas os investimentos do
Brasil em Cuba demoram para
deslanchar. Desde 2003, várias
empresas brasileiras tentaram
estudar negócios na ilha, mas
esbarraram na burocracia cubana - e na reticência do governo local em ceder controle
em áreas estratégicas.
A Petrobras já manifestou
interesse em entrar no negócio
de refinarias e lubrificantes.
Em 2003, a construtora Andrade Gutierrez tentou investir
em fábricas de processamento
de açúcar em parceria com investidores japoneses.
Em fevereiro de 2005, Roger
Agnelli, diretor da Companhia
Vale do Rio Doce, passou três
horas com Fidel -tinha interesse na exploração do níquel,
principal produto de exportação da ilha.
A Votorantim também manifestou interesse no mineral,
mas nenhum investimento
dessas empresas brasileiras
ainda foi confirmado.
(RJL)
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