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AMÉRICA LATINA
Colômbia diz ter provas de que Caracas protege terroristas; Brasil pode ajudar nas negociações sobre a crise
Cresce confronto entre Bogotá e Caracas
CAROLINA VILA-NOVA
DA REDAÇÃO
Longe de oferecer a retratação
que pede o governo do venezuelano Hugo Chávez pela captura de
um alto chefe das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em Caracas, a Colômbia
optou por subir o tom de confrontação contra o governo vizinho, esquentando a disputa entre
os dois países.
Às acusações de Chávez de que
havia "subornado" funcionários
venezuelanos para prender Rodrigo Granda, o "chanceler" das
Farc, e dispensado os mecanismos legais para a captura do terrorista, o governo Álvaro Uribe
respondeu com um desafio -e
uma provocação.
"A Colômbia vai dar provas ao
governo venezuelano de que funcionários desse país estavam protegendo Granda", afirmou Bogotá em nota. "Acolher terroristas
viola a soberania da Colômbia
porque aumenta o risco de uso de
terror contra seus cidadãos."
Violação de soberania é justamente a principal acusação de
Chávez contra Bogotá, que admitiu na semana passada ter pago
pela prisão do terrorista. Sem um
pedido formal de desculpas, Caracas ameaça manter suspensas
as relações diplomáticas e comerciais entre os dois países.
Já Bogotá sustenta que pagou
para que Granda fosse capturado
por forças venezuelanas e entregue aos colombianos apenas em
Cúcuta, na fronteira.
Ontem, a Venezuela incrementou a segurança nas fronteiras
com a Colômbia, mas negou que a
movimentação tivesse relação
com a disputa.
Do lado colombiano, o ministro
da Defesa, Jorge Uribe, o primeiro
a admitir o pagamento, disse estar
disposto a renunciar ao cargo caso isso ajude a solucionar a crise.
"O governo colombiano busca
desviar a atenção do centro da
disputa, que é a prisão de Granda,
recordando a escassa cooperação
da Venezuela e a conivência de algumas autoridades venezuelanas
com a presença das Farc lá", disse
à Folha Alfredo Rangel, presidente da ONG Fundação Segurança e
Democracia.
Internamente, esse discurso
tem sustentação. "A maioria da
opinião pública respalda o presidente, e tem havido poucas vozes
críticas. O que se vê na Colômbia,
algo que não é usual, é o despertar
de uma atitude chauvinista, nacionalista e antivenezuelana."
Chávez propôs um encontro
com Uribe, mas, ao contrário do
que defendeu o colombiano, rechaçou uma reunião multilateral
sobre o caso. Ontem, o chanceler
do Peru, Manuel Rodríguez Cuadros, chegou a Caracas para ajudar na solução da crise.
O assessor internacional de Lula, Marco Aurélio Garcia, disse
que o governo brasileiro considera a crise entre Uribe e Chávez um
"problema estritamente bilateral"
e que, caso haja uma solicitação
dos dois países, estudará uma forma de ajudar nas negociações.
Com Fabiano Maisonnave, de Washington, e agências internacionais
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