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DIREITOS HUMANOS
ONU aprova resolução moderada que pede visita de inspetora à ilha comunista; Fidel e EUA se dizem satisfeitos
Brasil se abstém em votação sobre Cuba
DA REDAÇÃO
O Brasil se absteve ontem na
votação de uma resolução sobre
Cuba na Comissão de Direitos
Humanos da ONU, em Genebra.
A resolução proposta por Peru e
Uruguai e aprovada por 24 votos
a favor, 20 contra e nove abstenções, considerada moderada, pede à ilha comunista que aceite a
visita de uma inspetora das Nações Unidas para verificar a situação dos direitos humanos no país.
A comissão rejeitou, no entanto,
outra proposta de resolução que
expressava "profunda preocupação sobre as recentes detenções,
perseguições sumárias e sentenças duras a diversos membros da
oposição política" e pedia a libertação dos dissidentes. Essa resolução, proposta pela Costa Rica com
o apoio da União Européia, foi rejeitada por 31 votos a 15.
A visita da jurista francesa
Christine Chanet, recomendada
pela resolução, já havia sido rejeitada anteriormente por Cuba.
O texto aprovado ontem não faz
referência explícita à onda de perseguições aos dissidentes promovida há algumas semanas pelo regime do ditador Fidel Castro,
nem à execução, na sexta-feira
passada, de três homens que sequestraram um barco de passageiros numa tentativa de fuga para os EUA.
"Vitória moral"
Cuba declarou-se vitoriosa após
a votação. "Essa é uma nova vitória moral para Cuba", disse o governo em um comunicado lido na
TV estatal do país, acrescentando
que foi "um duro revés para a obsessiva campanha anti-Cuba feita
pelos EUA".
Apesar da derrota da resolução
mais dura, a qual apoiavam, os
EUA se declararam "muito satisfeitos" com a votação. "Estamos
muito satisfeitos. A resolução envia uma forte mensagem de apoio
ao valente povo cubano, que luta
diariamente para defender seus
direitos humanos e as liberdades
fundamentais", disse o porta-voz
do Departamento de Estado Richard Boucher.
Segundo Boucher, o texto é
também "uma forte mensagem
ao regime repressivo de Fidel Castro". "Ele mostra que a comunidade internacional está preocupada com a situação dos direitos
humanos em Cuba", disse.
Apesar disso, o governo americano disse considerar endurecer
sua política contra Cuba em resposta à onda repressiva. "Os esforços de Cuba para silenciar as
vozes da oposição só tornam o
objetivo da nossa política -alentar uma rápida e pacífica transição para a democracia- mais relevante e mais urgente", disse a
porta-voz da Casa Branca Claire
Buchan.
"Seguiremos trabalhando com
a sociedade civil cubana independente e com os cubanos e estamos
dispostos a considerar passos para fazer avançar esse objetivo da
nossa política neste clima", afirmou. Segundo o jornal "The New
York Times", o governo estuda,
entre outras coisas, suspender o
envio de remessas para a ilha
-estimadas em até US$ 1 bilhão
anuais- e os vôos diretos entre
os dois países.
Votos
Entre os países latino-americanos na Comissão de Direitos Humanos, de 53 membros, que votaram a favor da resolução aprovada estavam México -um tradicional aliado de Cuba-, Paraguai, Chile, Guatemala e Costa Rica. Além do Brasil, a Argentina
também se absteve, enquanto a
Venezuela votou contra. Os EUA
e os países europeus votaram a favor da resolução, enquanto os
países africanos e asiáticos votaram contra ou se abstiveram.
A comissão é presidida atualmente pela Líbia, cujo governo
também é acusado de graves violações aos direitos humanos e de
envolvimento com o terrorismo.
O país votou contra a resolução.
O representante de Cuba na comissão, Juan Antonio Fernandez,
disse que a resolução contra o país
foi apresentada "por lacaios latino-americanos trabalhando para
os EUA". "É uma grande manobra, completamente desacreditada e imoral, cujo único objetivo
tem sido tramar um pretexto para
justificar o bloqueio genocida e a
política de agressão que os EUA
vêm praticando contra Cuba há
mais de 40 anos", disse.
Outras duas propostas de resolução apresentadas por Cuba, criticando "o bloqueio unilateral e
ilegal imposto pelos EUA" e "os
ataques terroristas impunes promovidos contra o povo de Cuba a
partir do território dos EUA",
também foram rejeitadas.
Com agências internacionais
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