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Apesar de abstenção, país critica Fidel
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Criticado durante a semana por
não condenar Cuba explicitamente pela repressão promovida
contra oposicionistas pelo regime
do ditador Fidel Castro, o governo brasileiro adotou uma medida
pouco usual na diplomacia ontem, ao explicar a abstenção do
país na votação do projeto de resolução sobre a situação dos direitos humanos em Cuba e as emendas apresentadas à Comissão de
Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas).
A delegação brasileira na comissão apresentou explicação de voto, em que reafirma a posição
contrária à pena de morte e reitera a importância que atribui aos
direitos humanos.
Tradicionalmente o Brasil se
abstém em votações desse tipo,
sem também explicar sua posição. Ontem, em sua justificativa, o
governo explicou a abstenção dizendo que entende que "o tratamento de situações de países no
âmbito da CDH não deve ser marcado pela seletividade ou por ser
objeto de politização" (leia a íntegra nesta página).
Por essa politização leia-se a influência do governo norte-americano, que há 40 anos promove um
embargo econômico contra a ilha,
sem respaldo internacional.
Com isso, o Brasil expressou
"forte preocupação" com a onda
repressiva em Cuba, que resultou
na prisão de dissidentes e no julgamento sumário e fuzilamento
de três acusados de terrorismo.
Na terça, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim,
havia conversado com o chanceler cubano, Felipe Roque, para
ouvir a posição do país sobre o caso. De acordo com o Itamaraty, a
conversa serviu para "balizar" a
explicação de voto do Brasil.
Integrantes do governo, como o
próprio presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e o ministro José Dirceu (Casa Civil), têm ligações pessoais e históricas com Cuba e com
Fidel Castro. O ditador cubano esteve na posse de Lula e foi recebido pelo presidente brasileiro para
um jantar naquele dia.
No início da semana, a oposição
no Congresso queria uma moção
de censura ao governo de Fidel
Castro. O pedido acabou sendo
barrado pelo PT.
Encontro
O embaixador de Cuba no Brasil, Jorge Lezcano Pérez, reuniu-se
ontem à tarde no Palácio do Planalto com o assessor especial para
assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia. O
Planalto não divulgou o teor da
conversa.
O porta-voz de Luiz Inácio Lula
da Silva, André Singer, não quis
comentar ontem a recente onda
repressiva em Cuba. Segundo ele,
a posição do Brasil está expressa
na nota do Ministério das Relações Exteriores divulgada ontem.
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