UOL


São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Apesar de abstenção, país critica Fidel

LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Criticado durante a semana por não condenar Cuba explicitamente pela repressão promovida contra oposicionistas pelo regime do ditador Fidel Castro, o governo brasileiro adotou uma medida pouco usual na diplomacia ontem, ao explicar a abstenção do país na votação do projeto de resolução sobre a situação dos direitos humanos em Cuba e as emendas apresentadas à Comissão de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas).
A delegação brasileira na comissão apresentou explicação de voto, em que reafirma a posição contrária à pena de morte e reitera a importância que atribui aos direitos humanos.
Tradicionalmente o Brasil se abstém em votações desse tipo, sem também explicar sua posição. Ontem, em sua justificativa, o governo explicou a abstenção dizendo que entende que "o tratamento de situações de países no âmbito da CDH não deve ser marcado pela seletividade ou por ser objeto de politização" (leia a íntegra nesta página).
Por essa politização leia-se a influência do governo norte-americano, que há 40 anos promove um embargo econômico contra a ilha, sem respaldo internacional.
Com isso, o Brasil expressou "forte preocupação" com a onda repressiva em Cuba, que resultou na prisão de dissidentes e no julgamento sumário e fuzilamento de três acusados de terrorismo.
Na terça, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, havia conversado com o chanceler cubano, Felipe Roque, para ouvir a posição do país sobre o caso. De acordo com o Itamaraty, a conversa serviu para "balizar" a explicação de voto do Brasil.
Integrantes do governo, como o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro José Dirceu (Casa Civil), têm ligações pessoais e históricas com Cuba e com Fidel Castro. O ditador cubano esteve na posse de Lula e foi recebido pelo presidente brasileiro para um jantar naquele dia.
No início da semana, a oposição no Congresso queria uma moção de censura ao governo de Fidel Castro. O pedido acabou sendo barrado pelo PT.

Encontro
O embaixador de Cuba no Brasil, Jorge Lezcano Pérez, reuniu-se ontem à tarde no Palácio do Planalto com o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia. O Planalto não divulgou o teor da conversa.
O porta-voz de Luiz Inácio Lula da Silva, André Singer, não quis comentar ontem a recente onda repressiva em Cuba. Segundo ele, a posição do Brasil está expressa na nota do Ministério das Relações Exteriores divulgada ontem.


Texto Anterior: Direitos humanos: Brasil se abstém em votação sobre Cuba
Próximo Texto: Intelectuais da esquerda do Brasil pedem punição
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.