São Paulo, sábado, 18 de abril de 2009

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EUA endossam plano de paz da Liga Árabe

Enviado de Obama ao Oriente Médio afirma que Estado palestino soberano é um objetivo americano, alfinetando governo de Israel

Pressão da Casa Branca esbarra no racha entre Fatah e Hamas e na oposição de Netanyahu à solução de dois Estados, acordada em Oslo


DA REDAÇÃO

A criação de um Estado palestino soberano é um objetivo nacional dos EUA, afirmou ontem o enviado especial do país para o Oriente Médio, George Mitchell, após encontro com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, em Ramallah.
"Os EUA estão comprometidos com a criação de um Estado palestino soberano e independente, onde as aspirações do povo palestino de controlar seu próprio destino se tornem reais. Queremos que a Iniciativa Árabe de Paz seja parte deste esforço", disse Mitchell, em aparente recado aos aliados israelenses.
A iniciativa de paz, surgida na Cúpula Árabe de 2002, tem endosso das 22 nações da Liga Árabe. O plano oferece a Israel paz definitiva com todos os países do grupo, em troca da retirada dos territórios ocupados em 1967 e da criação de um Estado palestino, com capital em Jerusalém Oriental.
Governos anteriores israelenses admitiam a desocupação parcial dos territórios e a criação de um Estado palestino, sem capital em Jerusalém. O premiê Binyamin Netanyahu rechaça, no entanto, a ideia de um Estado palestino, norte das negociações desde os Acordos de Oslo (1993).
A Casa Branca pressiona pela retomada das negociações de paz, mas esbarra na resistência do novo governo israelense, liderado pelo direitista Netanyahu, e no racha palestino. O governo do Fatah, único reconhecido internacionalmente, só administra a Cisjordânia. A faixa de Gaza é controlada pelo grupo radical Hamas, que venceu o pleito legislativo de 2006 e expulsou o Fatah em 2007.
A popularidade do Hamas, que não reconhece Israel e prega sua destruição, cresceu após a ofensiva à faixa de Gaza, que deixou mais de 1.400 palestinos e 13 israelenses mortos. Dois dirigentes do Hamas fizeram seus primeiros discursos públicos desde a invasão de Gaza, em janeiro, desafiando a liderança do presidente Abbas.
"Jamais reconheceremos o inimigo", disse o linha-dura Mahmoud al Zahar, cofundador do grupo, em sermão em uma mesquita, transmitido pela rádio do Hamas.
Mais moderado, o ex-premiê Ismail Haniyeh, que lidera o governo do Hamas em Gaza, discursou em outra mesquita, enfatizando a força da "enraizada resistência palestina". Simpático à criação de um Estado palestino, ele havia acenado aos EUA em entrevista, dizendo-se "esperançoso" de que o governo Obama reveja a política para o Oriente Médio.

Violência
Três palestinos foram mortos ontem, em um dia tenso na Cisjordânia. É o maior saldo diário de mortos de 2009 na região administrada pelo Fatah.
Um homem foi morto por colonos judeus após entrar em um assentamento. Um adolescente, que segundo relatos carregava um coquetel molotov, morreu baleado por um soldado. Outro palestino, Basem Ibrahim, 30, morreu atingido por um disparo israelense em Bilin, palco de protesto contra o muro que Israel está construindo na Cisjordânia.

Com agências internacionais


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