São Paulo, terça-feira, 18 de maio de 2004

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EUA dizem ter sido alvo de sarin

DA REDAÇÃO

Os EUA disseram ontem que uma bomba com gás sarin explodiu sábado perto de um comboio militar em Bagdá. O secretário da Defesa americano, Donald Rumsfeld, afirmou, no entanto, que ainda são precisos mais testes para confirmar a informação.
"Precisamos ter cuidado. Não podemos dizer algo que seja impreciso", disse Rumsfeld. A existência de armas de destruição de massa proibidas foi uma das justificativas para a invasão do Iraque.
Mesmo com a possibilidade do uso de sarin, o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, afirmou anteontem que a CIA (o serviço secreto do país) estava errada em suas avaliações sobre a existência de laboratórios móveis para a produção de armas biológicas. "Ficou evidente que as fontes estavam erradas e imprecisas e, em alguns casos, eram deliberadamente enganadoras. Lamento e estou desapontado por isso."
O general Mark Kimmitt, vice-chefe das operações americanas no Iraque, disse não acreditar que os insurgentes iraquianos que montaram a bomba ao lado de uma estrada de Bagdá sabiam que se tratava de uma arma química.
Segundo militares americanos, houve apenas uma pequena dispersão do agente químico. Dois especialistas em explosivos receberam tratamento para exposição superficial ao gás. As substâncias químicas estavam acondicionadas em uma granada de artilharia de 155 mm.
David Kay, o ex-chefe da equipe americana de busca de armamentos no Iraque, e o sueco Hans Blix, ex-inspetor de armas da ONU, relativizaram a importância do incidente. Blix disse que provavelmente a granada faz parte da produção feita pelo regime de Saddam Hussein durante os anos 80. Saddam afirma ter destruído seu arsenal de armas químicas e biológicas no meio da década passada. "Pode haver sobras do passado, isso é uma coisa muito diferente de ter estoques", disse Blix.
Desenvolvido pelos alemães antes da Segunda Guerra, o sarin é cerca de 500 vezes mais mortal que o cianeto. Menos de um miligrama pode matar uma pessoa. Em 1995, o sarin foi usado no ataque da seita Aum Shinrikyo (Ensinamento da Verdade) no metrô de Tóquio que matou 12 pessoas.
O Pentágono informou que os EUA vão transferir para o Iraque, nos próximos meses, 3.600 soldados que estão atualmente servindo na Coréia do Sul. O contingente ficará durante pelo menos um ano no Oriente Médio.
Os americanos anunciaram que mataram 51 insurgentes -seguidores do clérigo xiita radical Moqtada al Sadr em sua maior parte. Dois soldados dos EUA morreram em combates na Província de Anbar. Ainda ontem, foram libertados dois engenheiros russos que haviam sido seqüestrados em Bagdá há uma semana.


Com agências internacionais


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