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ITÁLIA
Câmara deve aprovar imunidade para o premiê hoje
Berlusconi rejeita acusações de corrupção em tribunal de Milão
DA REDAÇÃO
O premiê italiano, Silvio Berlusconi, 66, defendeu-se ontem de
acusações de corrupção na sala
lotada de um tribunal em Milão
(norte), provavelmente em sua
última apresentação à Justiça antes de o Parlamento da Itália
aprovar uma lei que lhe garantirá
imunidade judicial.
Repetindo diversas vezes o gesto de secar o suor do rosto na sala
sob calor escaldante, Berlusconi
ridicularizou as acusações de que
teria corrompido juízes durante a
disputa pela compra de uma empresa estatal nos anos 80, antes de
entrar para a política. Disse também que, ao tentar atingir sua reputação, seus acusadores comprometem o prestígio da Itália.
"É como se houvesse um julgamento de assassinato sem um
corpo, sem uma arma e sem um
motivo", disse, durante seu depoimento de 70 minutos, interrompido por vaias e aplausos. "A
única coisa que existe é a fantasia
daqueles que inventaram este
processo. Nada mais."
Berlusconi é o primeiro premiê
italiano a ser processado no exercício do cargo. É a terceira vez que
comparece à Justiça em três anos.
Provavelmente não terá de voltar
até o final de seu atual mandato,
em 2006.
A Câmara dos Deputados deve
aprovar hoje uma lei de imunidade que o protegerá de processos
judiciais enquanto for premiê. O
Senado já aprovou o projeto.
Ao votar, em tempo recorde, o
projeto de lei, a maioria de centro-direita no Parlamento quer
evitar que Berlusconi seja condenado durante o período em que a
Itália presidirá a União Européia,
a partir de 1º de julho próximo.
"Ao jogar lama no premiê, todo
o país é atingido", disse Berlusconi, ontem. "Danifica-se o orgulho
e o prestígio nacionais."
O premiê tentou evitar sua ida
ao tribunal, mas foi forçado a ir
devido ao temor de que sua ausência levasse a promotoria a pedir sua prisão antes que a imunidade fosse aprovada.
O julgamento está centrado em
acusações de que Berlusconi corrompeu juízes para influenciar na
privatização da estatal de alimentação SME nos anos 80.
É a principal de uma série de
acusações relacionadas ao império comercial do premiê, o homem mais rico da Itália. Ele nega
qualquer irregularidade e diz ser
vítima de promotores de esquerda politicamente motivados.
Ao deixar o tribunal, Berlusconi
recebeu demonstrações de repúdio e de apoio. "Chega de stalinistas! Stalinistas em Cuba!", gritava
um de seus apoiadores.
De acordo com o projeto de
imunidade, a Justiça poderá investigar acusações contra ocupantes dos cinco cargos institucionais mais importantes do país,
entre eles os de premiê e presidente, mas não poderá julgá-los
durante seus mandatos.
A imunidade de políticos italianos foi abolida no início dos anos
90 como resultado do escândalo
de corrupção envolvendo políticos de todos os partidos revelado
pela Operação Mãos Limpas.
Com agências internacionais
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