São Paulo, sexta-feira, 18 de junho de 2004

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Gravações mostram confusão de controladores aéreos e militares

DA ASSOCIATED PRESS

Algumas transmissões de rádio feitas pelos seqüestradores do 11 de Setembro a bordo dos aviões foram ouvidas em público pela primeira vez ontem, formando um quadro vívido e chocante do desenrolar dos fatos naquele dia fatídico, conforme percebidos por confusas autoridades militares e de controle do tráfego aéreo.
"Estamos com alguns aviões. Fiquem quietos e vocês ficarão bem. Estamos retornando ao aeroporto", disse um homem que se acredita ter sido Mohammed Atta, o suposto líder dos 19 seqüestradores, aos passageiros do vôo 11 da American Airlines. A fita foi tocada para a platéia presente à audiência da comissão independente que investiga os ataques de 11 de setembro de 2001.
A transmissão em questão foi o primeiro indício recebido pelos controladores de tráfego aéreo federal sobre o seqüestro do vôo 11 da American Airlines, pouco depois da decolagem do aeroporto Logan, em Boston, às 8h.
Os controladores procuraram contatar as Forças Armadas, chegando ao ponto de tentar falar com um centro de alerta militar em Atlantic City, sem saber que a unidade tinha sido fechada. Finalmente, às 8h37, a Administração Federal de Aviação (FAA) conseguiu contatar o departamento militar apropriado. "Temos um problema aqui", disse o centro da FAA em Boston.
No caso do vôo 175 da United Airlines, o segundo avião seqüestrado depois de decolar do aeroporto Logan, a situação foi igualmente confusa.
Às 9h01, um diretor do centro da FAA em Nova York diz ao comando da agência, na Virgínia: "A coisa está crescendo muito, muito mesmo. Precisamos envolver os militares". O vôo 175 atingiu a torre sul do World Trade Center às 9h03.
Os militares não sabiam da busca pelo terceiro avião seqüestrado, o vôo 77 da American Airlines. Em lugar disso, foram informados pela FAA, por engano, que o vôo 11 continuava no ar e se dirigia a Washington. Às 9h23, caças partiram da base de Langley. Em lugar de dirigir-se para o norte, rumo a Washington, os caças voaram em sentido leste, passando sobre o oceano, porque a ordem inicial de decolagem não incluíra a localização ou a distância do alvo. Um plano de vôo "genérico" levou os pilotos dos aviões, incorretamente, a acreditarem que deveriam voar cem quilômetros para o leste", disse o relatório.


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