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Relatório traz detalhes de atentados
DO "NEW YORK TIMES"
No começo de 1999, Osama bin
Laden chamou Khalid Shaikh
Mohammed em seu esconderijo
em Candahar, no Afeganistão,
para contar que a proposta de
Mohammed (hoje sob custódia
dos EUA) de usar aviões como armas terroristas contra os EUA teria total apoio da Al Qaeda. O encontro foi revelado pela comissão
independente que investiga os
ataques do 11 de Setembro.
Descrita em detalhes por dois
membros da Al Qaeda capturados pelos EUA, a ação se mostrou
mais complicada e improvisada
do que se havia imaginado.
Em agosto de 2001, segundo o
relatório da comissão, houve um
conflito entre os líderes da missão
e o piloto libanês Ziad al Jarrah. O
gosto de Al Jarrah por boates, cerveja e pela namorada fez com que
se fosse cogitado trocar de piloto.
Pensaram em substitui-lo pelo
franco-marroquino Zacarias
Moussaoui. No final, Al Jarrah comandou o vôo 93 da United Airlines, que caiu na Pensilvânia.
Dos quatro membros que inicialmente iriam participar da
ação, em 99, apenas dois estavam
entre os 19 seqüestradores que
atuaram nos atentados. Ambos,
Khalid al Midhar e Nawaq Alhazmi, foram relegados a papéis menores em 2001.
Bin Laden, impaciente, pressionava por um atentado desde 2000,
mesmo que isso significasse usar
pilotos destreinados e jogar os
aviões no chão em vez de atingir
os prédios. O líder queria protestar contra o tratamento dado aos
palestinos por Israel.
No começo da preparação, porém, Bin Laden e Mohammed vislumbravam ataques mais audaciosos do que o que realmente
aconteceu, diz o relatório. Mohammed chegou a planejar um
atentado com dez aviões. Ele mesmo seqüestraria o último, mataria
todos a bordo e pousaria para entregar uma crítica aos EUA.
Outra versão, descartada em
2000, pretendia realizar ataques
simultâneos nos EUA e no Sudeste Asiático. Outra, afastada só em
meados de 2001, planejava uma
segunda onda de atentados, após
os de Nova York e Washington,
que teria como alvos arranha-céus na Califórnia e na capital.
A data dos ataques não estava
definida até o meio de agosto. Bin
Laden queria que fossem em
maio, mas desistiu porque os terroristas não estavam prontos. Até
dois dias antes do ataque, Mohamed Atta, um dos líderes, e Ramzi
bin al Shibb não haviam decidido
se o quarto avião -pilotado por
Al Jarrah- atingiria o Congresso
ou a Casa Branca. Acabou caindo
na Pensilvânia.
"No final", diz o relatório, "a
ação provou ser flexível o suficiente para se adaptar e vencer os
desafios que apareceram".
Treinamento
Mohammed apresentou seu
plano de usar aviões em ataques
suicidas pela primeira vez em
1996. Mas Bin Laden só deu seu
aval três anos depois. Os dois terroristas fizeram uma lista inicial
de alvos: Bin Laden queria atingir
a Casa Branca e o Pentágono. Mohammed, o World Trade Center.
Adicionaram à lista o Congresso.
O treinamento começou no outono de 99. Os recrutas participaram de cursos de elite no campo
afegão de Mes Aynak. Mohammed, que estudou nos EUA, ensinou inglês a eles, o suficiente para
usar a lista telefônica e a internet,
reservar vôos, e escrever em códigos. Fizeram simulações de vôos e
estudaram os planos de vôos para
determinar quais aviões estariam
no ar ao mesmo tempo.
Os primeiros a entrar nos EUA
foram Al Midhar e Alhazmi, em
15 de janeiro de 2000, mas, por serem maus pilotos, foram substituídos por Hani Hanjour.
Separadamente, em 99, quatro
jovens extremistas baseados em
Hamburgo, na Alemanha, foram
recrutados. Eram todos -Atta,
Al Jarrah, Al Shibh e Marwan al
Shehhi- educados no Ocidente e
tinham ideais antiamericanos.
Após um período no Afeganistão, os quatro voltaram à Alemanha em março de 2000 para procurar escolas de aviação. Como
nos EUA esse treinamento era
mais fácil e barato, Atta, Al Shehhi
e Al Jarrah foram morar no país.
O iemenita Al Shibh não conseguiu entrar nos EUA. O último seqüestrador a chegar nos EUA foi
Hanjour, em dezembro de 2000.
Os conselheiros da Al Qaeda estavam ansiosos. Eles temiam que
a ação pudesse causar uma resposta militar americana e irritar
os líderes do Taleban e o governo
do Paquistão. Mas a vontade de
Bin Laden prevaleceu.
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