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ELEIÇÃO NOS EUA
Entre março e maio, o democrata obteve mais de US$ 100 mi, dos quais 40% foram pequenas doações pela internet
Kerry arrecada US$ 1 milhão por dia e bate recorde
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O virtual candidato democrata à
Presidência dos EUA, John Kerry,
bateu nos últimos três meses todos os recordes históricos de ritmo de arrecadação de fundos de
campanha eleitoral no país.
Entre março e maio, Kerry obteve mais de US$ 1 milhão por dia
-o dobro do ritmo de seu adversário republicano, o presidente
George W. Bush.
A campanha de Kerry fechou o
trimestre US$ 100,4 milhões mais
rica. No total, desde que decidiu
concorrer na eleição de 2 de novembro, ele levantou US$ 145 milhões em fundos de campanha.
O desempenho de Kerry derrubou o mito americano de que os
democratas são ineficientes em
questões de arrecadação quando
comparados aos republicanos.
Mantido o atual ritmo dos dois
oponentes, a arrecadação para a
eleição de 2004 deverá passar de
US$ 400 milhões até as convenções dos dois partidos, no final de
julho (democrata) e no início de
agosto (republicana). Não há
mais dúvida de que esta será a
eleição mais cara da história.
Bush ainda segue na frente, com
US$ 214 milhões arrecadados até
agora. Mas o desempenho de
Kerry acendeu uma luz vermelha
na campanha do presidente.
A aceleração na arrecadação do
democrata coincidiu com uma série de más notícias para Bush,
principalmente no Iraque.
É significativo também o fato de
que 40% do dinheiro arrecadado
pelo democrata tenha sido doado
pela internet por pequenos simpatizantes -fato que revela um
descontentamento "pulverizado"
do eleitorado contra Bush.
Ontem, o presidente partiu para
o contra-ataque com uma nova
safra de anúncios na TV que tentam desmoralizar Kerry e destacar a atual fase de crescimento,
aparentemente sustentado, da
economia americana.
"Este país não precisa de pessimistas e gastadores", diz uma das
peças que ataca o democrata.
O anúncio lembra que mais de
1,4 milhão de empregos foram
criados nos EUA desde agosto do
ano passado. Durante todo o seu
mandato, no entanto, Bush ainda
carrega um saldo negativo de 1,2
milhão de vagas fechadas.
Apesar do surpreendente desempenho financeiro de Kerry e
dá má fase de Bush nos últimos
meses, a campanha eleitoral americana segue, a 137 dias do pleito,
totalmente indefinida.
Prova disso é uma nova pesquisa divulgada ontem pelo instituto
Pew, que mostrou uma recuperação da popularidade de Bush. A
reação chegou a ser associada à
recente morte do presidente Ronald Reagan -de quem Bush se
considera "herdeiro".
O apoio ao presidente passou de
44% em maio para 48% agora.
Em relação às intenções de voto,
Bush aparece com 48%, contra
46% de Kerry. Há um mês, Kerry
tinha 50%, e Bush, 45%.
As oscilações ocorreram dentro
da margem de erro, de até três
pontos percentuais, para mais ou
para menos.
Ontem, a Comissão Presidencial de Debates escolheu a política
externa como o tema do último
de uma série de três debates presidenciais até a eleição.
O último evento ocorrerá a 20
dias do pleito e, dependendo dos
desdobramentos da situação no
Iraque, o resultado do encontro
poderá ser crucial para Bush.
O primeiro debate, marcado para 30 de setembro, será sobre política doméstica, e em um segundo
evento, em 8 de outubro, os dois
candidatos responderão a perguntas de eleitores indecisos.
Só participarão candidatos que
tiverem, no mínimo, 15% das intenções de voto, o que inviabilizará a presença do independente
Ralph Nader -cuja participação
na campanha de 2000 tirou votos
dos democratas.
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