São Paulo, sexta-feira, 18 de junho de 2004

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ELEIÇÃO NOS EUA

Entre março e maio, o democrata obteve mais de US$ 100 mi, dos quais 40% foram pequenas doações pela internet

Kerry arrecada US$ 1 milhão por dia e bate recorde

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O virtual candidato democrata à Presidência dos EUA, John Kerry, bateu nos últimos três meses todos os recordes históricos de ritmo de arrecadação de fundos de campanha eleitoral no país.
Entre março e maio, Kerry obteve mais de US$ 1 milhão por dia -o dobro do ritmo de seu adversário republicano, o presidente George W. Bush.
A campanha de Kerry fechou o trimestre US$ 100,4 milhões mais rica. No total, desde que decidiu concorrer na eleição de 2 de novembro, ele levantou US$ 145 milhões em fundos de campanha.
O desempenho de Kerry derrubou o mito americano de que os democratas são ineficientes em questões de arrecadação quando comparados aos republicanos.
Mantido o atual ritmo dos dois oponentes, a arrecadação para a eleição de 2004 deverá passar de US$ 400 milhões até as convenções dos dois partidos, no final de julho (democrata) e no início de agosto (republicana). Não há mais dúvida de que esta será a eleição mais cara da história.
Bush ainda segue na frente, com US$ 214 milhões arrecadados até agora. Mas o desempenho de Kerry acendeu uma luz vermelha na campanha do presidente.
A aceleração na arrecadação do democrata coincidiu com uma série de más notícias para Bush, principalmente no Iraque.
É significativo também o fato de que 40% do dinheiro arrecadado pelo democrata tenha sido doado pela internet por pequenos simpatizantes -fato que revela um descontentamento "pulverizado" do eleitorado contra Bush.
Ontem, o presidente partiu para o contra-ataque com uma nova safra de anúncios na TV que tentam desmoralizar Kerry e destacar a atual fase de crescimento, aparentemente sustentado, da economia americana.
"Este país não precisa de pessimistas e gastadores", diz uma das peças que ataca o democrata.
O anúncio lembra que mais de 1,4 milhão de empregos foram criados nos EUA desde agosto do ano passado. Durante todo o seu mandato, no entanto, Bush ainda carrega um saldo negativo de 1,2 milhão de vagas fechadas.
Apesar do surpreendente desempenho financeiro de Kerry e dá má fase de Bush nos últimos meses, a campanha eleitoral americana segue, a 137 dias do pleito, totalmente indefinida.
Prova disso é uma nova pesquisa divulgada ontem pelo instituto Pew, que mostrou uma recuperação da popularidade de Bush. A reação chegou a ser associada à recente morte do presidente Ronald Reagan -de quem Bush se considera "herdeiro".
O apoio ao presidente passou de 44% em maio para 48% agora. Em relação às intenções de voto, Bush aparece com 48%, contra 46% de Kerry. Há um mês, Kerry tinha 50%, e Bush, 45%.
As oscilações ocorreram dentro da margem de erro, de até três pontos percentuais, para mais ou para menos.
Ontem, a Comissão Presidencial de Debates escolheu a política externa como o tema do último de uma série de três debates presidenciais até a eleição.
O último evento ocorrerá a 20 dias do pleito e, dependendo dos desdobramentos da situação no Iraque, o resultado do encontro poderá ser crucial para Bush.
O primeiro debate, marcado para 30 de setembro, será sobre política doméstica, e em um segundo evento, em 8 de outubro, os dois candidatos responderão a perguntas de eleitores indecisos.
Só participarão candidatos que tiverem, no mínimo, 15% das intenções de voto, o que inviabilizará a presença do independente Ralph Nader -cuja participação na campanha de 2000 tirou votos dos democratas.


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