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Obama estende benefícios a parceiro gay de funcionário
Servidores federais terão acesso a alguns direitos iguais aos de colegas heterossexuais
Democrata é criticado por ativistas pelas exceções e por não cumprir promessas de campanha no tocante a discriminação contra gays
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Depois de meses de críticas
de ativistas homossexuais e de
direitos civis por ter recuado ou
estar demorando para cumprir
promessas de campanha, o presidente dos EUA, Barack Obama, assinou memorando que
amplia alguns benefícios para
parceiros de mesmo sexo de
funcionários públicos federais,
no que chamou de "apenas o
primeiro passo".
Entre eles estão acesso a um
seguro de saúde do governo que
paga por doenças crônicas, como mal de Alzheimer, ou o direito de tirar folga para cuidar
de parceiros ou filhos não biológicos que estejam doentes.
Ficaram de fora da decisão presidencial dois dos principais
pedidos do movimento, que são
o direito ao seguro de saúde total e a benefícios de aposentadoria similares aos que gozam
maridos ou mulheres em
uniões heterossexuais.
"Muitos de nossos servidores
públicos mais trabalhadores,
dedicados e patriotas vêm tendo negados direitos básicos que
seus colegas têm por uma razão
simples: as pessoas que eles
amam são do mesmo sexo", disse o presidente, na cerimônia
de assinatura, no Salão Oval da
Casa Branca, no final da tarde
de ontem. O democrata estava
cercado por ativistas, o vice,
Joe Biden, e políticos.
Obama disse ainda que era
contra o Ato de Defesa do Casamento, Doma na sigla em inglês, lei aprovada pelo Congresso em 1996 que define o casamento como uma união legal
entre um homem e uma mulher para efeito de todas as leis
federais e que dá o direito a cada um dos 50 Estados americanos de não reconhecer uniões
entre pessoas de mesmo sexo
aprovadas em outros Estados
-a união entre membros do
mesmo sexo é permitida hoje
em seis deles.
A lei é "discriminatória, interfere com os direitos dos Estados e já é hora de nós a derrubarmos", disse o presidente, no
ato de assinatura. No entanto,
já na gestão de Obama, o Departamento da Justiça dos
EUA decidiu defender a constitucionalidade dessa lei num caso envolvendo a questão. A incoerência entre retórica e prática do democrata desde que tomou posse é um dos principais
motivos da alienação da chamada base gay, que o ajudou a
eleger em novembro passado.
Outro problema apontado
pelos ativistas no memorando
assinado ontem são suas exceções. Ele não se aplica, por
exemplo, aos funcionários militares do Departamento da Defesa, apenas aos civis. O cuidado foi tomado por Obama para
não se sobrepor à política adotada pelo Pentágono e conhecida como "don't ask, don't tell"
(não pergunte, não conte).
Pela lei federal, considerada
preconceituosa por entidades
de direitos civis, homossexuais
ou bissexuais são proibidos de,
enquanto estiverem prestando
serviço militar, revelar sua
orientação sexual ou falar de
relações homossexuais ("não
conte"), e seus superiores não
podem iniciar investigação sobre a orientação dos comandados ("não pergunte") -a não
ser que haja suspeita de que o
comandado seja homossexual.
"Essa é uma tentativa de colocar nossa casa federal em ordem, e é muito importante que
façamos isso", defendeu John
Berry, diretor do Escritório de
Gerenciamento de Pessoal da
Casa Branca, ele próprio homossexual assumido. "Eu acho
que a comunidade gay, da qual
eu faço parte, pode ter muito
orgulho, porque este presidente está conosco."
Não é o que pensa o diretor
da ONG Human Rights Campaign, Joe Solmonese, que nesta semana escreveu uma carta a
Obama reclamando da decisão
do Departamento da Justiça de
defender o Doma, ação que
também seria criticada por editorial do "New York Times". "O
governo necessita de uma nova
direção em direitos homossexuais", escreveu o diário.
O comando obamista argumenta que, com duas guerras e
a atual situação econômica, o
presidente não pode se dar ao
luxo de "causar ruído" ao adicionar a causa às prioridades.
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