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Diretor da CIA nega ter liberado informação sobre urânio do Níger
DA REDAÇÃO
Após ter assumido a responsabilidade pela inclusão de uma informação falsa sobre o Iraque no
discurso sobre o Estado da União
proferido pelo presidente George
W. Bush em janeiro, o diretor da
CIA (serviço secreto americano),
George Tenet, declarou anteontem, no Senado, que não lera o
discurso antes da divulgação.
Tenet afirmou que a informação foi liberada por um funcionário da CIA, disse ao "Washington
Post" um dos participantes da audiência. Segundo o jornal, congressistas republicanos teriam pedido a demissão de Tenet.
A informação em questão trata
de uma suposta tentativa de compra de urânio no Níger. A CIA a
teria recebido do serviço secreto
britânico, que, por sua vez, a obteve de uma fonte italiana. O serviço
secreto da Itália (Sismi) nega envolvimento no caso.
O premiê britânico, Tony Blair,
disse que "não poderia ser descartada a possibilidade" de o Iraque
ter tentado comprar urânio e
manteve sua posição. Já Bush afirmou acreditar que "a informação
recebida dos britânicos é genuína" e chamou de "céticos" os que
duvidam de sua autenticidade.
Confusão
A responsabilidade da CIA no
caso é confusa. Ao assumir a culpa na semana passada, Tenet disse ser responsável por "não evitar
que o trecho fosse incluído no texto" a ser lido por Bush. Mas o
chanceler britânico, Jack Straw,
disse à comissão parlamentar que
investiga o assunto no Reino Unido que a CIA pedira aos britânicos que descartassem o relatório
sobre o urânio, mas que o serviço
secreto não o fez porque contava
com informações "que não foram
compartilhadas com os EUA" para embasar a acusação.
Ontem, o"New York Times" citou o senador democrata (opositor) Richard Durbin, da Comissão de Inteligência do Senado, dizendo que um funcionário da Casa Branca teria insistido em que o
trecho sobre o urânio fosse incluído no discurso, apesar das dúvidas da CIA. Antes, o jornal citara
funcionários da CIA falando, sem
serem identificados, que a agência
alertara a Casa Branca para não
usar a informação e que foram
pressionados pelo governo para
produzir relatórios embasando o
ponto de vista da Casa Branca.
O caso é investigado pela CIA,
pela comissão do Senado e pelo
Departamento de Estado. Segundo disse à Folha Gregg Sullivan,
diretor-adjunto da divisão de diplomacia pública do departamento, o birô de inteligência e pesquisa advertira a Casa Branca para a
"falta de precisão" da informação.
Investiga-se agora se isso ocorreu
antes ou depois do discurso.
"A Casa Branca diz que, na época, não havia motivo para achar
que as informações da inteligência fossem imprecisas", disse ele.
Para o senador republicano Pat
Roberts, presidente da comissão,
o fato de a informação sobre o
urânio estar no discurso mostra
"uma falha no processo" de comunicação e "falhas de coordenação entre o Departamento de Estado, a CIA, o Conselho de Segurança Nacional e a Casa Branca".
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