São Paulo, terça-feira, 18 de julho de 2006

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Crianças brasileiras se escondem em casa bombardeada em reduto do Hizbollah

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FOZ DO IGUAÇU

Nos últimos cinco dias, um grupo de 15 adolescentes brasileiros com idades entre 10 e 17 anos ficou sob bombardeio do Exército de Israel na cidade de Nabatieh (sul do Líbano), região sob controle do grupo Hizbollah, abrigados em uma casa. Só ontem eles conseguiram ser retirados do local.
A libanesa radicada em Foz do Iguaçu (656 km a oeste de Curitiba) Janete Mohsen, 33, mãe de três desses adolescentes, é quem relata o drama dos jovens. "Só tive informação hoje de que eles se deslocaram para uma área próxima a um consulado americano. Mas nem sabemos se é em Beirute ou nas proximidades."
Mohsen disse que há uma semana não consegue falar com o filho Bassen, 13, e as filhas Jihan, 12, e Nesrin, 10. O grupo estava em férias em Nabatieh.
"Parentes meus falaram que as crianças se abrigaram sob o teto de uma casa semidestruída. Ficaram lá esses cinco dias com pouca alimentação e isolados dos adultos", disse Mohsen.
Já o empresário Anwar Hachem, 29, fazia ontem o caminho inverso dos libaneses que procuravam a agência de viagens Summer Land, em Foz. Enquanto todos buscavam notícias sobre vôos do Oriente Médio para que seus parentes deixassem a região conflagrada, Hachem buscava meios de chegar ao Líbano.
"Quem não luta pela sua pátria não a merece", justificava. Ele comprava passagens para embarcar, com a mulher e dois filhos brasileiros, para Caracas (Venezuela), onde se reuniria com parentes libaneses.
"Meus pais e cinco irmãos estão sob bombardeio. Vamos nos reunir em Caracas para decidir se levamos todos mundo, inclusive as crianças, ou se vamos só os homens para o Líbano", disse ele.
Anwar Hachem, naturalizado brasileiro e comerciante em Ciudad del Este, disse não haver "nada de extraordinário" em querer levar sua família para um região de conflito. "É histórico. Se não existe guerra, não existe pátria", disse.

Comboio
Um comboio de ônibus organizado pelo Consulado Geral do Brasil em Beirute para a retirada de 122 brasileiros do Líbano deveria chegar ainda ontem na cidade turca de Adana, onde o grupo tomaria um avião da FAB para retornar ao Brasil. O transporte foi custeado pelo Itamaraty, e membros da diplomacia brasileira acompanharam o grupo.
A previsão é que o avião chegue hoje às 11h25 em Recife e daí siga para a Base Aérea em Guarulhos (SP) e o aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro.
O Pentágono disse ter alugado um navio privado para a retirada de milhares de americanos do Líbano. Ontem, centenas de europeus tomaram uma balsa em direção ao Chipre.


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