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Crianças brasileiras se escondem em casa bombardeada em reduto do Hizbollah
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FOZ DO IGUAÇU
Nos últimos cinco dias, um
grupo de 15 adolescentes brasileiros com idades entre 10 e 17
anos ficou sob bombardeio do
Exército de Israel na cidade de
Nabatieh (sul do Líbano), região sob controle do grupo Hizbollah, abrigados em uma casa.
Só ontem eles conseguiram ser
retirados do local.
A libanesa radicada em Foz
do Iguaçu (656 km a oeste de
Curitiba) Janete Mohsen, 33,
mãe de três desses adolescentes, é quem relata o drama dos
jovens. "Só tive informação hoje de que eles se deslocaram para uma área próxima a um consulado americano. Mas nem sabemos se é em Beirute ou nas
proximidades."
Mohsen disse que há uma semana não consegue falar com o
filho Bassen, 13, e as filhas Jihan, 12, e Nesrin, 10. O grupo
estava em férias em Nabatieh.
"Parentes meus falaram que
as crianças se abrigaram sob o
teto de uma casa semidestruída. Ficaram lá esses cinco dias
com pouca alimentação e isolados dos adultos", disse Mohsen.
Já o empresário Anwar Hachem, 29, fazia ontem o caminho inverso dos libaneses que
procuravam a agência de viagens Summer Land, em Foz.
Enquanto todos buscavam notícias sobre vôos do Oriente
Médio para que seus parentes
deixassem a região conflagrada, Hachem buscava meios de
chegar ao Líbano.
"Quem não luta pela sua pátria não a merece", justificava.
Ele comprava passagens para
embarcar, com a mulher e dois
filhos brasileiros, para Caracas
(Venezuela), onde se reuniria
com parentes libaneses.
"Meus pais e cinco irmãos estão sob bombardeio. Vamos
nos reunir em Caracas para decidir se levamos todos mundo,
inclusive as crianças, ou se vamos só os homens para o Líbano", disse ele.
Anwar Hachem, naturalizado brasileiro e comerciante em
Ciudad del Este, disse não haver "nada de extraordinário"
em querer levar sua família para um região de conflito. "É histórico. Se não existe guerra, não
existe pátria", disse.
Comboio
Um comboio de ônibus organizado pelo Consulado Geral
do Brasil em Beirute para a retirada de 122 brasileiros do Líbano deveria chegar ainda ontem na cidade turca de Adana,
onde o grupo tomaria um avião
da FAB para retornar ao Brasil.
O transporte foi custeado pelo
Itamaraty, e membros da diplomacia brasileira acompanharam o grupo.
A previsão é que o avião chegue hoje às 11h25 em Recife e
daí siga para a Base Aérea em
Guarulhos (SP) e o aeroporto
do Galeão, no Rio de Janeiro.
O Pentágono disse ter alugado um navio privado para a retirada de milhares de americanos do Líbano. Ontem, centenas de europeus tomaram uma
balsa em direção ao Chipre.
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